Miss. Rodrygo Gonçalves

Vejam, o Senhor, o seu Deus, põe diante de vocês esta terra. Entrem na terra e tomem posse dela, conforme o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes disse. Não tenham medo nem desanimem. Dt 1:21

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pastores de ovelhas x administradores de empresas

Meu objetivo com esse tema não é o de criar um debate, mas quero fazer algumas observações quando ao que está acontecendo em nosso Brasil. Principalmente quando se trata do rebanho do Senhor e daqueles que foram chamados para cuidar das ovelhas do mestre.

Alguns dias atrás, visitando algumas comunidades do orkut deparei-me com a comunidade do pastor Ciro Sanches, um sábio escritor que vem se destacando em blog pelo seu desempenho como ministro do evangelho e escritor. Nesse blog um visitante comentou algo sobre pastores leigos, que sem o conhecimento necessário estão por esse nosso Brasil pastoreando muitas igrejas, alguns até, eu entendo, que se fazem necessários devido a regiões sem escolas, porém outros usam o título de pastor devido a divisões eclesiásticas, alguns se auto-consagram e por uma interpretação errônea das escrituras propagam ensinamentos que hermeneuticamente fogem das verdades bíblicas.

Porém o que desejo tratar aqui não é isso, mas de um assunto que se tem alarmado nesses últimos dias, onde muitos líderes estão consagrando seus membros a pastores, mesmo sem terem nenhuma chamada ou quando têm, é para outro ofício.Pessoas que têm um diploma de teologia, porque têm um ótimo relacionamento social e eclesiástico já estão sendo consagradas, não por chamada, mas por posições social e acadêmica.

Concordo plenamente que uma pessoa que freqüentou um seminário por três ou quatro anos tem capacidade para exercer cargos em uma igreja, até porque estudou para isso, porém para ser um Pastor é necessário uma chamada divina e não um canudo acadêmico.

Nossas igrejas hoje estão mais sofisticadas, temos ótimos professores de escola dominical que estão muito bem preparados para ensinar; temos pessoas na igreja com ótima capacidade de comunicarem-se que se apresentam impecáveis, com seus ternos belos e caros , com voz bem modulada, movimentos ensaiados, ótimos comunicadores que usam com perfeição o rádio e a televisão. Tudo isso é muito bom, e necessário para a igreja do século XXI, porém ainda falta alguma coisa.

Nossos púlpitos não precisam somente de intelectuais, mas de Pastores que amem as ovelhas, que se importem com elas, que se preocupem em alimentá-las com a genuína palavra de Deus, que façam visitas não somente aos empresários ou aqueles que dão um dízimo alto, mas também ao mais pobre que muitas das vezes não tem oferta para dar, mas que nas madrugadas está lá no seu quartinho de joelhos humildemente orando pelo seu pastor e sua família.

O grito das ovelhas é por Pastores, mas a liderança que temos hoje, ou melhor, o modelo de líderes que temos buscado, não está satisfazendo os anseios das almas das ovelhas de Jesus Cristo. Temos tecnologia, bom administradores, bons professores, excelentes gerentes que tocam a igreja, mas muito pouco Pastores.

Nossas igrejas estão se transformando em empresas e nossos pastores em administradores, que quando estão perdendo as almas (clientes), não estão indo atrás e nem fazendo visitas, mas apenas trazendo inovações para atrair os crentes novamente ao seio da igreja, o problema é que esses métodos (promoções) são falsificados ou importados dos EUA.

Isso quando não se fazem grandes congressos com nomes de pessoas que entraram para o evangelho, porém o evangelho ainda não penetrou nelas. Pessoas que tiraram a glória que pertence a Cristo e a transferiram para elas, os famosos "gospel stars", que cobram fortunas para pregar e cantar, mas que estão com a vida totalmente torta. Pregadores que convidam as pessoas para aceitarem Jesus, quando são elas que deveriam descer do púlpito para aceitar Jesus de novo.


Muitos “pastores” - se é que os posso chamar assim - sabem da arrogância e da carnalidade que esses "gospel stars" estão vivendo, mas os convida para ocupar púlpitos que deveriam ser usados somente por aqueles que tem uma vida reta com Deus. Não estão interessados na vida espiritual das ovelhas, mas sim na lã que elas oferecem. Enchem igrejas (quantidade), com essas inovações, que irresponsavelmente estão trazendo pensando que elas sejam de Deus, porém com isso estão diminuindo o mover do Espírito Santo (qualidade) que deveria ser o ponto de referência dessas igrejas.Precisamos de Pastores que cuidem de ovelhas e não de "pastores" administradores de empresas.

Paulo Cézar de Lima - Assembléia de Deus –Itararé SP


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pastores, deixem de sufocar a igreja

“Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte anunciando a palavra.” Atos 8:4

Um organismo precisa respirar para continuar vivo. A respiração é um movimento de mão dupla. Inspiramos e aspiramos. O ar entra por nossas narinas, atravessa nossa traquéia, e enche nossos pulmões, para depois ser devolvido à atmosfera.

Tente manter o ar preso em seus pulmões por alguns segundos. Você vai ficando vermelho, seus olhos começam a lacrimejar, até que você não agüenta mais e solta o ar.

Não é simplesmente do ar que necessitamos, mas da entrada e saída ininterrupta deste ar. Sem ar pra respirar, morremos. E prendendo o mesmo ar dentro de nós, também morremos.

A igreja de Cristo é um organismo vivo que também necessita respirar.

Em Seu discurso de despedida, Jesus garantiu aos Seus discípulos que lhes enviaria o Espírito Santo a fim de fossem capacitados sobrenaturalmente a dar testemunho do Evangelho:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At.1:8).

A palavra traduzida neste texto por ‘poder’ é dinamus, que dá origem a alguns vocábulos em português, como dinamismo, dinâmica e até dinamite. Dinamus significa poder em movimento.

O Espírito Santo não apenas capacitaria os discípulos a testemunhar, como também os levaria a lugares e circunstâncias jamais imaginadas por eles, para que cumprissem a sua missão.

O mesmo Espírito que nos atrai a Cristo, nos transforma, também nos envia ao mundo.

Narrando sua experiência de conversão perante o rei Agripa, Paulo diz que Jesus se lhe apareceu, dizendo: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Agora levanta-te e põe-te em pé. Eu te apareci por isto, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda. Eu te livrarei deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrir os olhos, e das trevas os converter à luz...” (At.26:15b-18a).

Observe que a comissão de Paulo se deu no exato momento de sua conversão.

O dinamus do Espírito exerce na igreja uma força centrípeta e centrífuga. Ele atrai, transforma e imediatamente envia.

Não há intervalo! Todos os que são chamados, são também enviados.

Quando o endemoninhado gadareno se viu livre de sua possessão, quis deixar tudo para seguir a Jesus, mas recebeu d’Ele outra ordem: “Volta para casa e conta quão grandes coisas Deus fez por ti” (Lc.8:39a).

No reino de Deus tudo é muito prático. Porém, quando a igreja se institucionalizou, tratou de burocratizar o que antes era promovido pela dinâmica do Espírito.

Quanto tempo de preparo precisou a mulher samaritana para atrair toda uma cidade a Cristo? Foi só o tempo de deixar seu cântaro, ir à cidade e anunciar ao seu povo: “Vinde, vede um homem que me disse tudo o que tenho feito. Poderia ser este o Cristo?” (Jo.4:29). Mesmo sabendo que Jesus era o Cristo, ela preferiu instigar aquele povo à curiosidade. Em vez de apresentar uma contundente resposta, ela instigou-os a questionar.

E aqui nos deparamos com uma importante questão: será que para testemunhar do amor de Cristo temos que esperar até que todas as nossas questões sejam respondidas?

Precisamos desburocratizar e dinamizar o processo de evangelização com urgência.

Ninguém necessita de um mestrado em teologia para anunciar aos seus amigos e familiares quão grandes coisas fez o Senhor em sua vida.

Não temos o direito de impedir o trânsito pelas portas do reino de Deus. Muitos agem como os fariseus e religiosos contemporâneos de Jesus, que se punham à porta, não entravam e não deixavam ninguém entrar. E quando alguém demonstra desejo de sair testemunhando do amor de Deus, tratam de jogar-lhe um balde de água fria.

A estes, diz o Senhor: “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Fechais o reino dos céus aos homens. Vós mesmos não entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando” (Mt.23:13).

Temos que manter o trânsito livre, e para isso, o caminho tem que está desobstruído.

Veja o que Jesus disse sobre isso:

“Eu sou a porta. Todo aquele que entrar por mim, salvar-se-á. Entrará e sairá, e achará pastagens” (Jo.10:9).

Há um detalhe neste verso que tem passado despercebido. O caminho para o Reino é uma via de mão dupla. Quem entra, tem que sair. E o mais surpreendente é que só depois de sair que se acha pastagens.

As pastagens não estão do lado de dentro da cidade, mas lá fora, entre os vales e montanhas da realidade social e cultural na qual peregrinamos.

Muitos acham que vão encontrar tais pastagens do lado de dentro da igreja. Por isso, entram, e não querem mais sair. Ficam viciados em igreja.

Assim como ar que respiramos tem que ser devolvido à atmosfera, temos que devolver ao mundo as pessoas que entram na igreja. Por favor, não se escandalize ainda. Continue sua leitura, e veja se o que digo não faz sentido.

Qualquer espiritualidade que não nos devolva à realidade é maléfica e alucinógena.

Se não concorda comigo, tente concordar com Cristo, que em Sua prece sacerdotal, rogou ao Pai:

“Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (Jo.17:15-18).

Não se trata de uma questão facultativa. Fomos chamados, santificados e enviados ao mundo. Os pés formosos de que diz a Escritura, são os que estão enlameados pelo chão da vida.

Cuidado pra não confundir santificação com alienação.

A igreja não pode ser uma redoma para os seus membros. Ela tem que ser um liquidificador. Experimente colocar várias frutas em seu liquidificador. Ao ligá-lo, elas serão processadas e se tornarão numa deliciosa vitamina. A hélice do eletrodoméstico exerce a força centrípeta e centrífuga. Ela atrai as frutas para si, processando-as ao mesmo tempo em que as empurra para fora. É isso que o Espírito Santo almeja fazer na igreja.

O mesmo Cristo que diz ‘vinde’, também diz ‘ide’. E não há intervalo. A gente já vem indo, e já vai vindo.

Em vez de despendermos energia e dinheiro numa mirabolante estratégia de evangelismo (ou seria de marketing?), que tal abrir a porteira do aprisco, permitindo que as pessoas transitem normalmente pelo mundo, testemunhando o que Deus fizera em suas vidas? Haveria estratégia melhor e mais eficiente do que esta?

Elas não precisam esperar por um "ide" personalizado, vindo direto dos lábios de Cristo para elas. Não!

A bem da verdade, todos que viemos a Ele, já fomos liberados por Ele para ir. Já estamos no Caminho, indo e vindo no constante fluxo e refluxo da vida.

No texto original, Jesus não disse "ide", num tom imperativo, mas disse "indo", numa espécie de gerúndio existencial. O texto diz: "Indo por todo mundo, pregai o evangelho...". Queiramos ou não, já estamos na chuva, e quem está na chuva é pra se molhar.

O vinde é personalizado, mas o ide (ou indo) é generalizado.

Alguém poderá perguntar: E quanto aos riscos? Como enviar ao mundo pessoas despreparadas para testemunhar? Não seria melhor segurá-las o máximo de tempo possível, até que se vejam prontas?

Concordo. O risco não pode ser ignorado. Porém, vale a pena corrê-lo.

Jesus não ignorou os riscos ao enviar Seus discípulos ao mundo. Confira o que Ele diz:
“Ide. Eu vos envio como cordeiros ao meio de lobos” (Lc.10:3).

Neste texto em particular, o ide foi imperativo.

O que atenua os riscos é o fato de que o pastor das ovelhas vai à frente do seu rebanho.
“Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as leva para fora. Quando tira para fora todas as ovelhas que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não reconhecem a voz dos estranhos” (Jo. 10:2-5).

Será lá fora, no mundão, que as ovelhas de Jesus terão suas maiores experiências com Ele. O mundo será o cenário por onde Ele as conduzirá aos pastos verdejantes, às águas tranqüilas. E mesmo quando passarem pelo vale da sombra da morte, não terão o que temer, pois Seu cajado e Sua vara as protegerão.

O que a igreja deveria fazer é procurar levar as pessoas a uma intimidade tal com o Bom Pastor, que elas jamais confundam Sua voz com a voz do estranho. Em outras palavras, temos que aprender a discernir a voz de Deus no mundo. Seja no ambiente profissional, acadêmico, familiar, ou mesmo nos corredores do poder político, será a Sua voz que guiará a nossa consciência, e, por conseguinte, as nossas atitudes.

Portanto, já está na hora de liberarmos as ovelhas do Senhor para que cumpram sua missão de transformação do mundo.

Abramos a porteira, e deixemos o trânsito livre, pra que entrem e saiam, e assim, encontrem pastagem para as suas almas.

Não há motivo pra insegurança. Quem de fato é do Senhor, jamais abandonará seu redil. 
Hermes Fernendes