Miss. Rodrygo Gonçalves

Vejam, o Senhor, o seu Deus, põe diante de vocês esta terra. Entrem na terra e tomem posse dela, conforme o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes disse. Não tenham medo nem desanimem. Dt 1:21

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Centenário da Chegada dos Pioneiros

O dia 19 de novembro de 1910 é um marco da ação de Deus em Belém do Pará e no Brasil. Naquele dia, provenientes dos Estados Unidos no navio a vapor Clement, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg desembarcaram em Belém, na Escadinha da Estação das Docas, em obediência a uma expressa chamada de Deus. Eles não sabiam falar a língua pátria, não tinham dinheiro, não podiam contar com amigos nem instituições de apoio; em suma, não tinham nenhuma garantia. Mas, com a ajuda de Deus, lançaram as bases do maior Movimento Pentecostal do mundo e fundaram, em Belém, a Igreja-mãe das Assembleias de Deus no Brasil.

Na ultima sexta-feira, dia 19, às 17h, todos os assembleianos estiveram irmanados na comemoração do Centenário da Chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg ao Brasil, no mesmo lugar onde os pioneiros desembarcaram.

Gunnar Vingren, no livro Diário do Pioneiro, assim descreve a chegada: “Quatorze dias após havermos saído de Nova Iorque, chegamos ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910. O navio ficou fora do porto, e uma pequena embarcação nos transportou até o cais. (...) Quando desembarcamos, não havia ninguém para nos receber, mas acompanhamos as pessoas que iam para a cidade e confiamos que o Senhor iria nos guiar. (...) Chegamos a um parque e nos sentamos em um banco. Oramos a Deus, pedindo a sua ajuda e direção.”

Daniel Berg, no seu livro de memórias Enviado por Deus, assim relata: “No dia 19 de novembro de 1910, avistamos a cidade de Belém, no Estado do Pará. Estávamos ansiosos por conhecer a terra para a qual o Senhor nos enviara. Todos os passageiros tinham pressa em desembarcar. Parentes e amigos os esperavam no cais. Porém nós não tínhamos ninguém. (...) E começamos a andar até alcançarmos o jardim de uma praça. Sentamo-nos em um banco e oramos ao Senhor para que nos mostrasse o caminho que devíamos seguir. Começava a escurecer.”

Gunnar Vingren morreu cedo, em 1932, e não pôde presenciar a fase maior do crescimento da obra. Daniel Berg, porém, participou das festividades dos cinquenta anos da Assembleia de Deus no Brasil, o Jubileu de Ouro, e vivenciou boa parte de sua expansão.

O que ambos não podiam jamais imaginar era que, começando no Norte do Brasil, nasceria o Movimento Pentecostal que não somente alcançaria todos os rincões dessa grande nação, mas também se expandiria para todos os continentes e alcançaria quase todos os países do globo.

Qual é a razão desse sucesso? Como conseguiram lançar as bases de um movimento que cresce a cada dia?

Penso que os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg entenderam, como poucos, o chamado de Jesus a todos os crentes: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20).

Eles certamente entenderam que Jesus não os mandou criar estruturas pesadas e inoperantes, tampouco subscreveu complicadas estratégias de administração. Assim, a estratégia desses pioneiros era a mesma propugnada por Jesus, de modo que a Assembleia de Deus foi criada e cresceu sob a égide de uma só planificação: ide e fazei discípulos, no poder do Espírito Santo.

Os pioneiros vieram porque foram enviados por Deus, dependendo unicamente do Seu poder, como está escrito: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santos, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”, o que também incluiu Belém do Pará.

Daniel Berg e Gunnar Vingren, mesmo sem as mínimas condições de amparo humano e sem depender de nenhuma proficiência curricular, obedeceram, vieram, trabalharam arduamente, pregaram no poder do Espírito, fizeram discípulos, organizaram igrejas... e cá estamos nós comemorando o Centenário da Chegada desses pioneiros em nossa cidade.

Ao contemplar as conquistas que hoje desfruta a Assembleia de Deus no Brasil, meditando nas dificuldades enfrentadas por aqueles dois heróis pioneiros e por tantos outros que seguiram os seus passos, sentimos uma alegria indizível e temos todos os motivos para nos gloriarmos unicamente no Senhor. Podemos dizer como o profeta Samuel: “Até aqui nos ajudou o Senhor”.

Esse é um momento singular da nossa história. (...) e vamos juntos agradecer a Deus pelo Seu grande amor.

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

domingo, 14 de novembro de 2010

Reformar o quê?

Dia 31 de outubro foi o aniversário da Reforma Protestante. Há exatos 493 anos Martinho Lutero, um monge agostiniano alemão, com o intuito de resgatar o cristianismo bíblico, anexou 95 teses à porta da catedral de Wittenberg. Seu desejo de levar a igreja de seus dias à prática de uma espiritualidade sadia mudou o rumo da história cristã como nenhum outro evento desde o pentecostes.

Desde então, tem sido falado sobre a necessidade de vivermos novas reformas internas. A percepção de que a casa precisa ser arrumada parece acompanhar as gerações desde o nascimento do protestantismo. Na ala reformada do movimento surgiu, inclusive, o lema ‘Igreja Reformada, sempre reformando’.

Penso, às vezes, que tal discurso parece ter tomado vida e aprendido a caminhar com suas próprias pernas. Em todo lugar se fala sobre a necessidade de uma nova reforma; inclusive por gente que nem sabe o que a Reforma significou. A estes, tenho vontade de perguntar: reformar o que?

Só se reforma algo diante do reconhecimento da necessidade de mudanças. Só se reforma direito caso se saiba as razões pelas quais as mudanças são necessárias. A questão não é apenas mudar; é saber de onde sair e para onde ir! Quando fez o que fez, Lutero sabia de onde partia e onde almejava chegar. E isso fez com que sua luta – mesmo superando suas expectativas – marcasse a história do Cristianismo de forma tão dramática.


           Que precisamos continuar nos reformando todos sabemos. Resta-nos sabermos de onde queremos sair e em que lugar pretendemos chegar. Reforma não acontece sem reflexão; ferramenta indispensável para que qualquer mudança valha à pena.

Rodrygo Gonçalves

domingo, 7 de novembro de 2010

Uma escolha necessária

Nas plagas amazônicas, conta-se que há formigas que escravizam as outras, numa flagrante metáfora do dilema do comportamento humano. Periodicamente, centenas dessas formigas marcham para fora de seu ninho à captura de colônias de formigas mais fracas. Após dizimarem a colônia, carregam os casulos contendo as larvas das operárias. Esses “bebês” raptados crescem achando que são parte da família e dedicam-se às tarefas para as quais foram criados, sem jamais terem a menor noção de que são vítimas do trabalho forçado imposto pelo inimigo.

O que há de metaforicamente emblemático na vida humana, em comparação com o exemplo dessas formigas, é que nós também já nascemos prisioneiros. Embora de certa forma nasçamos livres (posto que ninguém nos escraviza), todos nascemos com a marca de “servo”.

É bem verdade que todos nós passamos por épocas na vida em que gostaríamos de ter feito o que quiséssemos. Desejamos acabar com certas circunstâncias que nos restringiam, nos insurgimos contra limites que cercearam a nossa vontade. Mas o fato é que a liberdade total e a independência completa nunca foram, e jamais serão, opções para nós. A Bíblia é clara em afirmar que somos servos por natureza, mesmo quando não nos damos conta disso.

Certa ocasião, Jesus estava instruindo os judeus que haviam crido Nele, tendo-os orientado a seguir as suas palavras para que fossem seus discípulos. Se eles fizessem isso, teriam o próprio conhecimento da verdade que os libertaria. Eles retrucaram dizendo-lhe que eram descendência de Abraão e que jamais foram escravos de alguém. Como, então, dizia que seriam livres?

Nesse ponto, replicou-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).

O que está implícito na mensagem de Jesus é que não somos pecadores porque cometemos pecados, mas pecamos porque somos pecadores. O pecado já está em nós, nascemos com ele. Essa é a marca de “servo” que carregamos a partir do nascimento.

O apóstolo Paulo disse: “Todos pecaram”. E mais: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Pela desobediência de um só (no caso, de Adão, o primeiro homem) todos se tornaram pecadores.

A apóstolo João afirmou: Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós (1 Jo 1.8). Normalmente o que se vê é que boa parte dos “bons cristãos” não se sente incluída nessa categoria. Ninguém quer ser tachado de “pecador”, muito pelo contrário. Quando confrontados com essa realidade, não poucos se saem com afirmações desse tipo: “Jamais roubei, nunca matei, não traio, só faço o bem”.

A verdade bíblica é que há um Deus Santo e Justo nos céus, e sem a ajuda de quem realmente pode fazer diferença, não iremos sair dessa ilesos. Por quê? Porque todos, sem nenhuma exceção, somos culpados e permanecemos condenados diante de Deus. Todos estamos sob a pena da morte espiritual, que é a eterna separação de Deus; e ainda mais, somos todos incapazes de lavarmos nossa própria culpa. (Rm 3.19,20; Jo 3.18,36; Ef 2.5)

Esta breve descrição de quem são os pecadores apresenta a necessidade urgente de uma solução satisfatória, algo que seja transformador em nossas vidas. A típica solução humana é tentar certificar-se de que as boas obras superem as más, esperando receber a partir daí a aprovação de Deus.

Mas a única e suficiente solução é a que vem por intermédio de Jesus Cristo, que fez a boa obra definitiva em nosso favor – Ele morreu pelos nossos pecados. Quem serve a Jesus é totalmente liberto das amarras do pecado. Agora precisamos fazer uma escolha: aceitar ou rejeitar a solução.

São as más notícias do pecado e suas consequências que fazem o evangelho de Jesus ser as “boas novas”. Porque é para os pecadores somente. Mas cada um tem de fazer a sua própria escolha.

Há muito tempo, o general Josué desafiou o povo de Israel a que tomasse uma decisão: se iria servir ao Senhor ou aos outros deuses. Ele tomou a sua decisão: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). A sua liberdade era relativa ao fato de que tinha de fazer uma escolha.

É assim também conosco. Somos todos servos. Nossa decisão, como apontada acima, não é se vamos servir, mas a quem vamos servir.

Assim como Josué, eu também escolhi servir ao Senhor! E você, qual é a sua escolha?

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A marginalidade de Jesus


Roberta Lima


Muito se fala da santidade, genialidade, amor, carisma, milagres, liderança, ensino e diversas facetas que expressam a pessoa de Cristo, mas sinceramente pouco ouço falar da marginalidade de Jesus.
Parece até conflitante falar de Jesus e associarmos a palavra marginal ao mesmo, mas não há nenhuma conotação ofensiva nisto, pois se bem analisarmos os fatos: Jesus foi um marginal de sua época.

Antes de você me chamar de herege ou me xingar, acompanhe o raciocínio...

Jesus era um homem simples, de uma profissão simples [até ouso fazer o paralelo com um operário padrão de nossos tempos], morava na Galiléia, considerada uma cidade que não produzia expoentes divinos [João 7:52] e pertencia a um povo subjugado pelo Império Romano, sendo que sua nação estava bem distante do pulsante coração econômico da época.

Creio que esses fatores, por si mesmos, já colocariam Jesus à margem do mundo de sua época, mas o mesmo foi além e também se colocou à margem da religião de sua época...Parece até mesmo um contra-senso mas o filho de Deus era marginalizado pela religião.

Prova mais do que cabal de que religião e Deus realmente não devem se misturar, eu sei, é um paradoxo daqueles difíceis de serem digeridos por nossas mentes muitas vezes totalmente formatadas pela tradição religiosa.

Mas voltemos à marginalidade de Jesus...me salta aos olhos o seguinte trecho do evangelho de Lucas:

“Muitas vezes vinham cobradores de impostos (gente desonesta) e outras pessoas de má fama para ouvir os sermões de Jesus; com isso começaram diversas queixas dos líderes religiosos e dos estudiosos da lei judaica, porque Ele estava fazendo amizade com aquela gente baixa – e até comendo com eles.”
Lc 15: 1-2 [Biblia Viva]

Aos olhos dos religiosos da época era inadmissível a relação de Jesus com a “ralé” da sociedade, ter amizade e comer com pessoas desonestas, baixas e de má fama era algo surreal para as mentes farisaícas e legalistas de plantão.

Há outros trechos na bíblia que falam que o mesmo foi chamado de glutão, beberrão, amigo de pecadores [Lucas 7:34], enfim, meu querido Jesus não era portador de boa fama, escolheu frequentar a margem da sociedade, escolheu o caminho longe do academicismo, longe do clericalismo, longe dos holofotes, longe das classes abastadas na maior parte do tempo.

É tão interessante mas o filho de Deus, o Messias prometido, não veio travestido de vestes religiosas, comportamento tradicional ou amizades seletas. Algo que nossa mente engessada pela religiosidade muitas vezes não consegue vislumbrar, mas que é plenamente explicada pelas palavras de Paulo quando o mesmo diz aos coríntios que Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias, Deus escolheu as coisas fracas desse mundo para confundir as fortes e Deus escolheu as coisas vis, desprezíveis e as que NÃO SÃO para confundir aquelas que são...quer algo mais marginal do que essa passagem das escrituras? [1 Coríntios 1:27-28]

Ao pensar em tudo isso e olhar para a igreja, me pergunto: que caminhos temos trilhado? Onde está a marginalidade do povo que se auto-intitula como de Deus?

O mais comum é ouvir sermões que mais parecem discursos de auto-ajuda e que prezam pela formatação com o sistema de valores reinante, no qual o TER vem sempre antes do SER.

O mínimo que consigo concluir após tudo isso é: revisemos a rota, os rumos...busquemos a margem! Não nos importemos com nossas posições, qualificações e até mesmo convicções pessoais, mas busquemos aquilo que o Mestre buscava: os pequeninos, os esquecidos e marginalizados para que também possamos ouvir Dele naquele dia: tive fome e me deste de comer, estava preso e foste ver-me, estava nu e me vestiste, estive com sede e me deste de beber [Mateus 25:35-36].

Frisando que nem sempre a sede será de água, a fome de pão, a nudez de roupas e a prisão de algemas...eis um desafio!