Miss. Rodrygo Gonçalves

Vejam, o Senhor, o seu Deus, põe diante de vocês esta terra. Entrem na terra e tomem posse dela, conforme o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes disse. Não tenham medo nem desanimem. Dt 1:21

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A história do Natal numa perspectiva revolucionária

Por Hermes C. Fernandes

Natal é a história de um Deus que Se esvazia, abre mão de Sua glória, para sair ao encontro de Sua criatura extraviada.

Nesta época do ano, muitos textos são usados como base para os sermões natalinos. Amo todos eles. Gosto dos detalhes oferecidos por Lucas. Aprecio a ponte que Mateus faz entre os acontecimentos e as profecias. Inspiro-me na ousadia de João ao expor a origem divina e atemporal do Messias. Mas para mim, o texto que melhor revela o propósito do Natal foi escrito por Paulo e está registrado em Filipenses, capítulo 2.
Paulo não se atém ao significado da encarnação de Cristo para os homens, mas aborda o seu significado para o próprio Cristo.
De acordo com o apóstolo, devemos ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”(v.5). A partir desta admoestação, Paulo nos abre um leque e nos descortina o que representou tal experiência para Jesus.

1 – “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus...” – Para nos redimir, Cristo teve que tomar a contramão. O pecado inaugural foi ceder ao apelo da serpente, que dizia: “Sereis como Deus...” (Gn.3:5b). Para reverter isso, Jesus teve que recapitular a mesma história, embora em cenários diferentes. Diferente do primeiro homem, Ele não usurpou ser igual a Deus, ainda que fosse “em forma de Deus”. Em vez de agir com autonomia, Ele preferiu colocar-Se numa posição de total dependência do Pai, obedecendo-O em tudo (Jo.8:28-29; 12:49).
2 – “...mas a si mesmo se esvaziou...” – Lá estava Ele, deitado numa manjedoura, chorando como um bebê qualquer. Deus vazio! Deixou Seu trono de glória para hospedar-Se por nove meses no ventre de uma mulher. O Deus Onipresente confinado e protegido numa placenta, nadando no líquido amniótico. O Criador dos buracos negros, das passagens dimensionais existentes no Cosmos, teve que passar pela mesma fresta apertada por onde todo ser humano passa num parto natural. O ambiente em que nascera era fétido, sem as mínimas condições higiênicas que oferecesse conforto e segurança, tanto à parturiente, quanto ao recém-nascido. Em vez de cânticos angelicais, o que se ouviu foi o barulho característico dos animais que ali eram guardados. O Deus que fez os céus e a terra, e que mantém cada partícula do Universo pela Palavra do Seu poder, agora estava ali, frágil, vulnerável, inaugurando Seus pulmões com um choro estridente. Quem deve ter dado aquela palmada básica no bumbum do menino Deus? Não havia nenhum obstetra de plantão em Belém! Nem mesmo uma parteira experiente. É plausível acreditar que o próprio José tenha feito o trabalho, aparando o menino.
3 – “...tomando a forma de servo...” – Jesus Se identificou com as camadas mais pobres da sociedade. Embora pertencente a uma estirpe real (por isso era chamado “Filho de Davi”), teve que trabalhar desde cedo, aprendendo o ofício de Seu pai adotivo. Aquele que modelou as montanhas e os vales da Terra, agora tinha que aprender a arte da carpintaria.
4 – “...fazendo-se semelhante aos homens...”- Ele não era um embuste. Era 100% humano (embora em Sua essência fosse 100% Deus). Por isso, teve fome e sede, como demonstrado na tentação no deserto (Mt. 4). Se não fosse assim, Sua cruz seria uma encenação. A única coisa que O diferenciava dos demais humanos era o fato de jamais ter pecado (Hb.4:15).
5 – “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo...” – Do Trono Celestial para o ventre de Maria. Do ventre para a manjedoura. Da manjedoura para a vida serviçal. De lá para o deserto. Do deserto para as ruas empoeiradas dos subúrbios da Galiléia. Sua próxima escala antes da Cruz seria a bacia. Numa atitude inusitada, Jesus toma uma bacia e uma toalha, despe-Se aos olhos dos Seus discípulos, e lava-lhes os pés. Aquela era uma tarefa para os escravos. Aquele que criara os oceanos, e projetara as mais lindas praias, agora usava uma bacia rasa para banhar os pés dos Seus discípulos. Antes que as autoridades judias e romanas O humilhassem publicamente, Ele humilhou-Se a Si mesmo.
6 – “...sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” – Sua próxima parada seria um jardim. Um cenário bem parecido com aquele em que o primeiro homem preferiu rebelar-se contra o seu Criador. Jesus, o segundo Adão, tinha a oportunidade de reverter a maldição, obedecendo a Deus até as últimas conseqüências, abrindo mão de Sua própria vida. A atenção do Universo se voltou para aquele lugar. Era o momento decisivo. Jesus sofreria Sua última tentação. Enquanto Seus discípulos dormiam, deu-se o embate mais importante da história do Cosmos. O destino de cada partícula subatômica dependia do resultado desse embate. Os pássaros silenciaram-se. O vento aquietou-se. Os anjos prenderam a respiração. Suspense! Jesus pondera e apela: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!” Os anjos engoliram a seco. E agora? Deixem que o Filho de Deus complemente Seu pedido: “Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt. 26:39). Onde o homem falhou, o Novo Homem venceu. O caminho da redenção estava aberto. O cosmos respirou aliviado. O que já houvera sido decidido na Eternidade, agora encontrou eco dentro do tempo e do espaço. A obediência de um reverteu para sempre o efeito causado pela desobediência de outro (Rm.5:19).
 
7 – “Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai”(vv.9-11). Percebe que Paulo omite a ressurreição e a ascensão de Cristo? Da Cruz, ele vai direto para a exaltação. Por que? Alguém poderá dizer que aqui estão subentendidos tanto a ressurreição, quanto a ascensão. Pode ser que sim. Mas prefiro acreditar que Paulo percebeu que a exaltação de Cristo Se deu na Cruz. Não estou diminuindo o peso da ressurreição. Apenas demonstrando que o que deveria ser considerado vergonhoso, Deus declarou como o mais glorioso evento da História. Foi lá no madeiro que Deus fez convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto as que estão terra (Ef.1:10; Cl.1:20). Foi também lá que Ele triunfou e despojou os principados e potestades, expondo-os publicamente ao desprezo (Cl.2:15). Foi na Cruz que Deus O exaltou! Sua ressurreição e ascensão são conseqüência desta exaltação. Mesmo em Seu corpo glorioso, as cicatrizes dos cravos são mantidas. E não duvido que abaixo da coroa de glória, ainda se vêem as cicatrizes deixadas pela coroa de espinho. Essa é a Sua glória! Quando Jesus pediu ao Pai que lhe restituísse a glória que tinha antes da fundação do mundo, Ele estava falando da glória da Cruz, pois o Cordeiro foi morto antes dos tempos eternos. A Cruz não foi um acidente de percurso. A Cruz é eterna! Por isso, na visão de João em Apocalipse, o trono de Deus é ocupado por um Cordeiro “como tendo sido morto”.

É na Cruz que o tempo e a eternidade se cruzam. O Cronos e o Kairós contraem matrimônio. Do ponto de vista histórico, não se pode dissociar a cruz da manjedoura. Aqueles que afirmam que não devemos celebrar o Natal de Jesus, mas unicamente a Sua morte, estão cometendo um grande engano. Ser inimigo da manjedoura é também ser inimigo da Cruz (Fp.3:18).
Feliz Natal a todos que o celebram com o mesmo sentimento que houve em Cristo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação - Avanço da Causa Homossexual

Estratégia do PLC 122 não passou no dia 9 deste mês, porque os ativistas gays foram pegos com a “boca na botija”. Mas nenhum deles está chorando ou reclamando. Por que? No mesmo dia 9, sem que ninguém percebesse, Lula criou o Conselho Nacional de Combate à Discriminação exclusivamente para avançar a agenda gay.

O Congresso Nacional está recebendo muitos e-mails sobre a votação do PLC 122/2006 nesta semana. Devido às denúncias das manobras, o projeto anti-“homofobia” não foi avançado no dia 8 ou 9 deste mês na Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa do Senado.No entanto, em 9 de dezembro de 2010 o presidente Lula criou, por meio de decreto presidencial, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Outra medida do governo foi estender beneficios da Previdência a casais homossexuais. Agora eles têm direito a pensão. Os conselheiros, deverão ser indicados no prazo de 90 dias.

Veja o  Decreto completo Aqui

Fontes: Julio Severo

Divisão do Estado do Pará


Dividindo o Brasil, e mandando a conta para nós pagarmos...

É caro, mas a gente paga
Carlos Brickmann, 21.05.2010

A divisão do Pará em três Estados continua sendo articulada, apesar dos custos (mais Assembleias, mais tribunais, mais funcionalismo), apesar da falta de perspectivas, já que o Pará responde por 1,8% da produção nacional. Os Estados viverão de verbas federais, tiradas dos seus, dos meus, dos nossos impostos.

Será realizado um plebiscito para definir de vez a criação dos prováveis estados. Precisamos nos conscientizar de que isso não é mais uma realidade remota. Deixem seus comentários!
Renatinha Pires

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alerta: perigo de iminente aprovação do PL 122/2006 como um dos últimos atos de Lula


Deu no blog do Júlio Severo:

Aprovação do PLC 122 será o último ato do governo Lula?

Tentativas de manobrar o projeto anti-“homofobia” ocorrerão no Senado entre os dias 8 e 9 de dezembro de 2010.

Conforme depoimento de muitos parlamentares evangélicos e acontecimentos nos últimos dias no Senado Federal, venho a público com uma informação emergencial. Ativistas do movimento homossexual articularam com senadores que apoiam sua agenda um avanço, no Senado Federal entre os dias 8 e 9 de dezembro de 2010, do famoso PLC 122/06, que torna crime inafiançável a crítica ao comportamento homossexual, ou seja, imporá sobre o Brasil uma lei que tratará como criminosa toda pessoa que expressar uma opinião contrária ao homossexualismo.

No dia 08/12/2010 (quarta-feira) haverá Sessão Ordinária na Comissão de Direitos Humanos para discutir diversos assuntos já estabelecidos em pauta. Aproveitando a estação do Natal e a aparente desmobilização dos cristãos e dos políticos, parlamentares ligados à militância gay têm a intenção, conforme evidências a que tivemos acessos, de apresentar um requerimento extra-pauta pedindo a dispensa da realização das audiências públicas para que, em vez de se continuar discutindo o PLC 122, ele seja imediatamente votado.

Esta não é a primeira vez que os ativistas GLBT tentam esse tipo de manobra. Numa madrugada de dezembro de 2008 a Senadora Fátima Cleide, relatora do PLC 122/2006, tentou aprovar um requerimento de urgência ao PLC 122/2006 no Plenário do Senado durante as discussões do Orçamento da União. Para tal finalidade, Cleide já havia recolhido no requerimento a assinatura de vários líderes de partidos que assinaram enganados sem saber que se tratava do polêmico projeto anti-“homofobia”. Ela contava também com o apoio da então líder do governo, Senadora Ideli Savati. Mas naquela madrugada o Senador Magno Malta estava presente e não deixou que a votação acontecesse.

Então é possível que a relatora e outros senadores tentem novamente pedir o regime de urgência. Essa é a última cartada da senadora, que está em seus últimos dias no Congresso, tendo sido impedida de continuar representando Rondônia no Senado, por ter sido rejeitada nas urnas pelo povo de seu estado.

Se conseguirem essa última cartada, a votação do PLC 122/06 (emendado) no plenário do Senado será de fácil aprovação, pois as emendas apresentadas e aprovadas pela Comissão de Direitos Humanos do Senado aparentam um projeto de lei sem “aparentes violações” ao direito de liberdade de expressão e consciência, o que torna a sua aprovação pelos senadores uma possibilidade fácil.

Os meios de comunicação de massa também colaborarão para essa facilitação, mostrando cenas de violências contra homossexuais, com o propósito de passar uma imagem de “massacre” de homossexuais no Brasil, criando uma atmosfera favorável para a aprovação do PLC 122 no Senado.

O pior não é essa estratégia de aprovação pelo Plenário do Senado, mas o que acontecerá na Câmara dos Deputados, pois depois de aprovado no Senado com as alterações propostas o PLC 122 voltará para a Câmara dos Deputados onde nasceu.

E ai é que está o perigo e a armadilha principal, pois existe uma forte mobilização para que na semana seguinte à aprovação do PLC 122 pelo Senado Federal, ele seja votado imediatamente no Plenário da Câmara, e é certeza que o movimento gay já está fazendo seu trabalho de pressão junto aos deputados para que eles DERRUBEM TODAS AS EMENDAS APROVADAS PELOS SENADORES, as quais suavizaram um pouco o projeto, ou seja, o texto do PLC 122 passa ser válido na sua forma brutal e ditatorial original como foi aprovado no ano de 2006 na Câmara, com todas as questões gravíssimas, ilegalidade e inconstitucionalidade já apontadas por diversos juristas e instituições, entre elas a Igreja Evangélica e a CNBB.

Os ativistas do movimento homossexual estão certos de que conseguirão derrubar na Câmara Federal todas as emendas dos senadores.
Em seguida o texto aprovado na Câmara na forma original que foi proposto será enviado para a sanção ou veto presidencial. Esse será o último grande ato do presidente Lula.

O que fazer?

Escreva para todos os senadores alertando-os e pedindo posição contrária ao PLC 122, o projeto de ditadura gay.

Para ter todos os e-mails dos senadores e uma mensagem, siga este link: http://juliosevero.blogspot.com/2009/04/cientista-medica-escreve-aos-senadores.html

Com informações do Blog Zenóbio Fonseca. Para uma explicação jurídica mais detalhada desta movimentação, consulte o Blog do Zenóbio Fonseca.

Fonte: Júlio Severo | Lages Segal (imagem)  ww.ubeblogs.net

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O papel da Igreja na construção da Paz na Cidade


Por Hermes C. Fernandes

"Jerusalém gravemente pecou (...) ela não pensou no seu futuro." Lamentações 1:8-9.

Todos aguardavam ansiosamente o desfecho do cerco promovido pela polícia no Complexo do Alemão. A impressão era que uma significante parcela da população anelava por uma invasão cinematográfica que resultasse na aniquilação dos bandidos lá refugiados. Talvez um banho de sangue semelhante ao ocorrido no Carandirú em 1992, quando 111 presos foram sumariamente mortos pela PM paulistana. Será que isso resolveria de vez a questão da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro? Seria este o caminho?

Assisti recentemente a uma entrevista cedida a uma repórter da TV em que um dos traficantes diz que se fossem eliminados, já haveria outros para substituí-los. Portanto, engana-se quem imagina que eliminando os atuais agentes criminosos, o problema terá sido resolvido.

Precisamos, sim, desativar a fábrica de bandidos que atualmente funciona a todo vapor. E isso se dará quando as crianças que crescem nestas comunidades passarem a ser assistidas pelo Estado. Quando estas mesmas crianças tiverem outras referências que não sejam os bandidos, tidos por muitos como verdadeiros Robin Hoods da comunidade.

É triste saber que muitas destas crianças esfarelam o giz usado na escola para que pareçam droga, enquanto brincam de serem traficantes, portando armas de brinquedo.

Ao procurarmos por soluções imediatistas para os problemas da cidade, não estamos incorrendo no mesmo erro de Jerusalém dos tempos de Jeremias?

Ninguém quis dar ouvidos à advertência dos profetas.

- Jerusalém cairá! diziam eles em uníssono. Desde que o povo hebreu entrou na Terra Prometida, os anos sabáticos foram negligenciados. De acordo com a ordem divina, podia-se cultivar a terra por seis anos, mas no sétimo, a terra deveria descansar (Lv.25:3-5).

490 anos se passaram, e a terra continuava sendo cultivada ininterruptamente. Interessante que hoje, milhares de anos depois, a ciência comprova que se a terra não descansar a cada seis colheitas, ela perde a produtividade. Chegara a hora da cobrança. A terra já não suportava mais. E se ela deixasse de produzir, a fome destruiria aquela nação.

Jeremias, em suas Lamentações, afirma que o pecado de Jerusalém foi não pensar no seu futuro. Aquela era uma geração inconseqüente e irresponsável. Nossa sociedade tem incorrido no mesmo erro. Somos uma civilização imediatista. Só pensamos nas necessidades imediatas. Enquanto isso, o futuro está sendo sacrificado no altar das conveniências. Nossos rios estão poluídos. Nosso abastecimento de água potável está ameaçado. Milhares de espécies de animais correm o risco de serem extintas ainda este século. Nosso ar está irremediavelmente comprometido pelos gases tóxicos emitidos pelas chaminés das fábricas. Nossas crianças estão sendo educadas pela babá eletrônica (TV), ou estão soltas na rua, sendo recrutadas pelo tráfico. Definitivamente, não temos pensado em nosso futuro.

Se o que se tem pregado em muitos púlpitos for verdade, não temos com que nos preocupar. Afinal, somos a última geração! Infelizmente, é nisso que a maioria dos cristãos crê em nossos dias. Se continuar nesse ritmo, nossa civilização cairá.

O papel do profeta não é prever, mas prevenir. Não podemos continuar nessa marcha rumo à aniquilação. Algo precisa ser feito. E o primeiro passo é a conscientização acerca do problema e da responsabilidade que temos como sociedade. Um dia a terra vai cobrar! E já está cobrando. A conta é caríssima. Quem vai pagar? As próximas gerações. Em outras palavras, estamos deixando a conta para nossos filhos e netos.

Nossa dívida com a terra já está rolando há muito tempo. São juros sobre juros. O povo de Jerusalém já devia 70 anos sabáticos à sua terra. Em 490 anos, eles jamais atentaram para esse mandamento. Chegara a hora de cumprir a sua parte no trato feito com Deus. Nabudonozor foi o monarca babilônio usado por Deus para remover os judeus de sua terra. Foram exatos 70 anos de exílio, para que a terra recebesse o descanso devido. Setenta anos sem arado, sem semeadura, sem colheita.

Foi Zacarias quem profetizou já no fim do exílio babilônico: “...Toda a terra está tranqüila e descansada. Então disse o anjo do Senhor: Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” (Zc.1:11b-12). O juízo de Deus não se restringe ao aspecto punitivo, mas sempre traz em seu bojo a manifestação da misericórdia de Deus para com a Sua criação.

Quando os judeus chegaram à Babilônia, muitos profetas se levantaram para consolar seus patrícios, afirmando que seu cativeiro duraria pouquíssimo tempo. Porém Deus levantou Jeremias pra garantir àquela gente, que seu cativeiro duraria pelo menos por duas gerações. Não adiantaria murmurar, reclamar, ou promover algum tipo de levante contra aquela situação. Sua terra precisaria de um descanso de 70 anos.

Destoando completamente de seus colegas, Jeremias diz:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram transportados, que eu fiz transportar de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas, e habitai nelas; plantai pomares, e comei o seu fruto. Tomai mulheres, e gerai filhos e filhas; tomai mulheres para os vossos filhos, e dai as vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas. Multiplicai-vos, e não vos diminuais”. Jeremias 29:4-6
Em outras palavras, era hora de desfazer as malas, e programar-se para o futuro. Nada de alienação, nem falsas esperanças. Ali era seu novo lar. Em vez de lamentar-se a vida inteira, eles deveriam edificar, plantar, comer, construir relacionamentos, criar filhos e etc.

Jeremias prossegue: “Procurai a paz e a prosperidade da cidade, para onde vos fiz transportar. Orai por ela ao Senhor, porque se ela prosperar vós também prosperais”. Jeremias 29:7

Quem disse que nossa prosperidade independe da realidade social na qual estamos inseridos? É claro que Deus é poderoso o suficiente pra nos fazer prosperar a despeito da crise econômica em que nosso país esteja mergulhado. Entretanto, em Sua sabedoria, Deus nos permite passar pelas mesmas situações e adversidades que os demais. Salomão reconhece isso ao declarar: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro” (Ecl.9:2). Ninguém está imune às adversidades desta vida. Portanto, em vez de buscar nosso bem-estar particular, devemos buscar incessantemente o bem-estar de todos à nossa volta. Se nosso país prospera, nós também prosperamos. Se ele sofre, nós também sofremos.

Não consigo entender a indiferença de muitos cristãos para com as questões sociais e ambientais. Parecem pessoas de outro mundo. Todos somos igualmente vítimas dos maus tratos sofridos pelo meio-ambiente. Todos somos vítimas das injustiças sociais. Todos somos vítimas da violência urbana.

A alienação constatada no meio cristão é fruto de uma mensagem desequilibrada, que leva as pessoas a acreditarem que esse mundo não tem jeito, e que a única coisa a fazer é esperar pelo dia em que seremos arrebatados ao céu.

Pregadores e teólogos regem o coro que diz: quanto pior, melhor. Para eles, isso aceleraria a volta de Jesus. Para eles, simplesmente não há futuro. Pelo menos, não nesta terra. Por isso, os crentes parecem estar sempre de “malas prontas” pra partir daqui. Eles são constantemente alertados: Vivam hoje, como se fosse o último dia. Até que ponto, esse tipo de postura não faz de nós um povo alienado?

Ora, se somos a última geração, por que deveríamos nos preocupar com questões como a camada de ozônio, a emissão de gases tóxicos, a má distribuição de renda, e outras questões igualmente pertinentes.

Geralmente, os crentes estão mais preocupados com questões de cunho moral, tais como o aborto, o homossexualismo, a liberação das drogas e etc. Não que estas questões não tenham seu grau de importância. Mas o fato é que estamos coando mosquitos, e engolindo camelos o tempo inteiro. Quando Cristo vier, Ele certamente deseja encontrar uma igreja militante, de mangas arregaçadas, trabalhando pela transformação do mundo. Infelizmente, o que vemos hoje, é uma igreja apática, alienada, gnóstica, e descomprometida com a agenda do Reino de Deus.
 
Se não precisássemos nos preocupar com aquilo que ocorre em nosso mundo, como se isso não nos afetasse, Paulo jamais nos teria admoestado:
“Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade.” 1 Timóteo 2:1-2.
Leis que são votadas na surdina no Congresso Nacional, afetam em cheio o nosso cotidiano. Não podemos mais fingir que está tudo bem, nem dar ouvidos aos profetas da comodidade. O mundo não está acabando! Há futuro para a humanidade.

Veja o que a boca do Senhor diz:
“Pois eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro.” Jeremias 29:11.
Ora, se há futuro para nós, temos que agir hoje, como se fosse o primeiro dia do resto de nossas vidas.

Temos que pensar naqueles que nos sucederão. Quando ouço alguns pastores afirmando que o mundo está caminhando para um fim iminente e trágico, tenho vontade de perguntar qual a razão de a maioria deles parecer tão preocupada em construir templos suntuosos. Se não há futuro, não há razão pra construir nada. Cruzemos os braços, e aguardemos o pior. Mas se há futuro, arregacemos as mangas, e mãos à obra! E lembremo-nos de que, não é a Terra que será destruída, e sim, aqueles que a destroem (Ap.11:18).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Centenário da Chegada dos Pioneiros

O dia 19 de novembro de 1910 é um marco da ação de Deus em Belém do Pará e no Brasil. Naquele dia, provenientes dos Estados Unidos no navio a vapor Clement, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg desembarcaram em Belém, na Escadinha da Estação das Docas, em obediência a uma expressa chamada de Deus. Eles não sabiam falar a língua pátria, não tinham dinheiro, não podiam contar com amigos nem instituições de apoio; em suma, não tinham nenhuma garantia. Mas, com a ajuda de Deus, lançaram as bases do maior Movimento Pentecostal do mundo e fundaram, em Belém, a Igreja-mãe das Assembleias de Deus no Brasil.

Na ultima sexta-feira, dia 19, às 17h, todos os assembleianos estiveram irmanados na comemoração do Centenário da Chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg ao Brasil, no mesmo lugar onde os pioneiros desembarcaram.

Gunnar Vingren, no livro Diário do Pioneiro, assim descreve a chegada: “Quatorze dias após havermos saído de Nova Iorque, chegamos ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910. O navio ficou fora do porto, e uma pequena embarcação nos transportou até o cais. (...) Quando desembarcamos, não havia ninguém para nos receber, mas acompanhamos as pessoas que iam para a cidade e confiamos que o Senhor iria nos guiar. (...) Chegamos a um parque e nos sentamos em um banco. Oramos a Deus, pedindo a sua ajuda e direção.”

Daniel Berg, no seu livro de memórias Enviado por Deus, assim relata: “No dia 19 de novembro de 1910, avistamos a cidade de Belém, no Estado do Pará. Estávamos ansiosos por conhecer a terra para a qual o Senhor nos enviara. Todos os passageiros tinham pressa em desembarcar. Parentes e amigos os esperavam no cais. Porém nós não tínhamos ninguém. (...) E começamos a andar até alcançarmos o jardim de uma praça. Sentamo-nos em um banco e oramos ao Senhor para que nos mostrasse o caminho que devíamos seguir. Começava a escurecer.”

Gunnar Vingren morreu cedo, em 1932, e não pôde presenciar a fase maior do crescimento da obra. Daniel Berg, porém, participou das festividades dos cinquenta anos da Assembleia de Deus no Brasil, o Jubileu de Ouro, e vivenciou boa parte de sua expansão.

O que ambos não podiam jamais imaginar era que, começando no Norte do Brasil, nasceria o Movimento Pentecostal que não somente alcançaria todos os rincões dessa grande nação, mas também se expandiria para todos os continentes e alcançaria quase todos os países do globo.

Qual é a razão desse sucesso? Como conseguiram lançar as bases de um movimento que cresce a cada dia?

Penso que os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg entenderam, como poucos, o chamado de Jesus a todos os crentes: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20).

Eles certamente entenderam que Jesus não os mandou criar estruturas pesadas e inoperantes, tampouco subscreveu complicadas estratégias de administração. Assim, a estratégia desses pioneiros era a mesma propugnada por Jesus, de modo que a Assembleia de Deus foi criada e cresceu sob a égide de uma só planificação: ide e fazei discípulos, no poder do Espírito Santo.

Os pioneiros vieram porque foram enviados por Deus, dependendo unicamente do Seu poder, como está escrito: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santos, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”, o que também incluiu Belém do Pará.

Daniel Berg e Gunnar Vingren, mesmo sem as mínimas condições de amparo humano e sem depender de nenhuma proficiência curricular, obedeceram, vieram, trabalharam arduamente, pregaram no poder do Espírito, fizeram discípulos, organizaram igrejas... e cá estamos nós comemorando o Centenário da Chegada desses pioneiros em nossa cidade.

Ao contemplar as conquistas que hoje desfruta a Assembleia de Deus no Brasil, meditando nas dificuldades enfrentadas por aqueles dois heróis pioneiros e por tantos outros que seguiram os seus passos, sentimos uma alegria indizível e temos todos os motivos para nos gloriarmos unicamente no Senhor. Podemos dizer como o profeta Samuel: “Até aqui nos ajudou o Senhor”.

Esse é um momento singular da nossa história. (...) e vamos juntos agradecer a Deus pelo Seu grande amor.

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

domingo, 14 de novembro de 2010

Reformar o quê?

Dia 31 de outubro foi o aniversário da Reforma Protestante. Há exatos 493 anos Martinho Lutero, um monge agostiniano alemão, com o intuito de resgatar o cristianismo bíblico, anexou 95 teses à porta da catedral de Wittenberg. Seu desejo de levar a igreja de seus dias à prática de uma espiritualidade sadia mudou o rumo da história cristã como nenhum outro evento desde o pentecostes.

Desde então, tem sido falado sobre a necessidade de vivermos novas reformas internas. A percepção de que a casa precisa ser arrumada parece acompanhar as gerações desde o nascimento do protestantismo. Na ala reformada do movimento surgiu, inclusive, o lema ‘Igreja Reformada, sempre reformando’.

Penso, às vezes, que tal discurso parece ter tomado vida e aprendido a caminhar com suas próprias pernas. Em todo lugar se fala sobre a necessidade de uma nova reforma; inclusive por gente que nem sabe o que a Reforma significou. A estes, tenho vontade de perguntar: reformar o que?

Só se reforma algo diante do reconhecimento da necessidade de mudanças. Só se reforma direito caso se saiba as razões pelas quais as mudanças são necessárias. A questão não é apenas mudar; é saber de onde sair e para onde ir! Quando fez o que fez, Lutero sabia de onde partia e onde almejava chegar. E isso fez com que sua luta – mesmo superando suas expectativas – marcasse a história do Cristianismo de forma tão dramática.


           Que precisamos continuar nos reformando todos sabemos. Resta-nos sabermos de onde queremos sair e em que lugar pretendemos chegar. Reforma não acontece sem reflexão; ferramenta indispensável para que qualquer mudança valha à pena.

Rodrygo Gonçalves

domingo, 7 de novembro de 2010

Uma escolha necessária

Nas plagas amazônicas, conta-se que há formigas que escravizam as outras, numa flagrante metáfora do dilema do comportamento humano. Periodicamente, centenas dessas formigas marcham para fora de seu ninho à captura de colônias de formigas mais fracas. Após dizimarem a colônia, carregam os casulos contendo as larvas das operárias. Esses “bebês” raptados crescem achando que são parte da família e dedicam-se às tarefas para as quais foram criados, sem jamais terem a menor noção de que são vítimas do trabalho forçado imposto pelo inimigo.

O que há de metaforicamente emblemático na vida humana, em comparação com o exemplo dessas formigas, é que nós também já nascemos prisioneiros. Embora de certa forma nasçamos livres (posto que ninguém nos escraviza), todos nascemos com a marca de “servo”.

É bem verdade que todos nós passamos por épocas na vida em que gostaríamos de ter feito o que quiséssemos. Desejamos acabar com certas circunstâncias que nos restringiam, nos insurgimos contra limites que cercearam a nossa vontade. Mas o fato é que a liberdade total e a independência completa nunca foram, e jamais serão, opções para nós. A Bíblia é clara em afirmar que somos servos por natureza, mesmo quando não nos damos conta disso.

Certa ocasião, Jesus estava instruindo os judeus que haviam crido Nele, tendo-os orientado a seguir as suas palavras para que fossem seus discípulos. Se eles fizessem isso, teriam o próprio conhecimento da verdade que os libertaria. Eles retrucaram dizendo-lhe que eram descendência de Abraão e que jamais foram escravos de alguém. Como, então, dizia que seriam livres?

Nesse ponto, replicou-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).

O que está implícito na mensagem de Jesus é que não somos pecadores porque cometemos pecados, mas pecamos porque somos pecadores. O pecado já está em nós, nascemos com ele. Essa é a marca de “servo” que carregamos a partir do nascimento.

O apóstolo Paulo disse: “Todos pecaram”. E mais: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Pela desobediência de um só (no caso, de Adão, o primeiro homem) todos se tornaram pecadores.

A apóstolo João afirmou: Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós (1 Jo 1.8). Normalmente o que se vê é que boa parte dos “bons cristãos” não se sente incluída nessa categoria. Ninguém quer ser tachado de “pecador”, muito pelo contrário. Quando confrontados com essa realidade, não poucos se saem com afirmações desse tipo: “Jamais roubei, nunca matei, não traio, só faço o bem”.

A verdade bíblica é que há um Deus Santo e Justo nos céus, e sem a ajuda de quem realmente pode fazer diferença, não iremos sair dessa ilesos. Por quê? Porque todos, sem nenhuma exceção, somos culpados e permanecemos condenados diante de Deus. Todos estamos sob a pena da morte espiritual, que é a eterna separação de Deus; e ainda mais, somos todos incapazes de lavarmos nossa própria culpa. (Rm 3.19,20; Jo 3.18,36; Ef 2.5)

Esta breve descrição de quem são os pecadores apresenta a necessidade urgente de uma solução satisfatória, algo que seja transformador em nossas vidas. A típica solução humana é tentar certificar-se de que as boas obras superem as más, esperando receber a partir daí a aprovação de Deus.

Mas a única e suficiente solução é a que vem por intermédio de Jesus Cristo, que fez a boa obra definitiva em nosso favor – Ele morreu pelos nossos pecados. Quem serve a Jesus é totalmente liberto das amarras do pecado. Agora precisamos fazer uma escolha: aceitar ou rejeitar a solução.

São as más notícias do pecado e suas consequências que fazem o evangelho de Jesus ser as “boas novas”. Porque é para os pecadores somente. Mas cada um tem de fazer a sua própria escolha.

Há muito tempo, o general Josué desafiou o povo de Israel a que tomasse uma decisão: se iria servir ao Senhor ou aos outros deuses. Ele tomou a sua decisão: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). A sua liberdade era relativa ao fato de que tinha de fazer uma escolha.

É assim também conosco. Somos todos servos. Nossa decisão, como apontada acima, não é se vamos servir, mas a quem vamos servir.

Assim como Josué, eu também escolhi servir ao Senhor! E você, qual é a sua escolha?

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A marginalidade de Jesus


Roberta Lima


Muito se fala da santidade, genialidade, amor, carisma, milagres, liderança, ensino e diversas facetas que expressam a pessoa de Cristo, mas sinceramente pouco ouço falar da marginalidade de Jesus.
Parece até conflitante falar de Jesus e associarmos a palavra marginal ao mesmo, mas não há nenhuma conotação ofensiva nisto, pois se bem analisarmos os fatos: Jesus foi um marginal de sua época.

Antes de você me chamar de herege ou me xingar, acompanhe o raciocínio...

Jesus era um homem simples, de uma profissão simples [até ouso fazer o paralelo com um operário padrão de nossos tempos], morava na Galiléia, considerada uma cidade que não produzia expoentes divinos [João 7:52] e pertencia a um povo subjugado pelo Império Romano, sendo que sua nação estava bem distante do pulsante coração econômico da época.

Creio que esses fatores, por si mesmos, já colocariam Jesus à margem do mundo de sua época, mas o mesmo foi além e também se colocou à margem da religião de sua época...Parece até mesmo um contra-senso mas o filho de Deus era marginalizado pela religião.

Prova mais do que cabal de que religião e Deus realmente não devem se misturar, eu sei, é um paradoxo daqueles difíceis de serem digeridos por nossas mentes muitas vezes totalmente formatadas pela tradição religiosa.

Mas voltemos à marginalidade de Jesus...me salta aos olhos o seguinte trecho do evangelho de Lucas:

“Muitas vezes vinham cobradores de impostos (gente desonesta) e outras pessoas de má fama para ouvir os sermões de Jesus; com isso começaram diversas queixas dos líderes religiosos e dos estudiosos da lei judaica, porque Ele estava fazendo amizade com aquela gente baixa – e até comendo com eles.”
Lc 15: 1-2 [Biblia Viva]

Aos olhos dos religiosos da época era inadmissível a relação de Jesus com a “ralé” da sociedade, ter amizade e comer com pessoas desonestas, baixas e de má fama era algo surreal para as mentes farisaícas e legalistas de plantão.

Há outros trechos na bíblia que falam que o mesmo foi chamado de glutão, beberrão, amigo de pecadores [Lucas 7:34], enfim, meu querido Jesus não era portador de boa fama, escolheu frequentar a margem da sociedade, escolheu o caminho longe do academicismo, longe do clericalismo, longe dos holofotes, longe das classes abastadas na maior parte do tempo.

É tão interessante mas o filho de Deus, o Messias prometido, não veio travestido de vestes religiosas, comportamento tradicional ou amizades seletas. Algo que nossa mente engessada pela religiosidade muitas vezes não consegue vislumbrar, mas que é plenamente explicada pelas palavras de Paulo quando o mesmo diz aos coríntios que Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias, Deus escolheu as coisas fracas desse mundo para confundir as fortes e Deus escolheu as coisas vis, desprezíveis e as que NÃO SÃO para confundir aquelas que são...quer algo mais marginal do que essa passagem das escrituras? [1 Coríntios 1:27-28]

Ao pensar em tudo isso e olhar para a igreja, me pergunto: que caminhos temos trilhado? Onde está a marginalidade do povo que se auto-intitula como de Deus?

O mais comum é ouvir sermões que mais parecem discursos de auto-ajuda e que prezam pela formatação com o sistema de valores reinante, no qual o TER vem sempre antes do SER.

O mínimo que consigo concluir após tudo isso é: revisemos a rota, os rumos...busquemos a margem! Não nos importemos com nossas posições, qualificações e até mesmo convicções pessoais, mas busquemos aquilo que o Mestre buscava: os pequeninos, os esquecidos e marginalizados para que também possamos ouvir Dele naquele dia: tive fome e me deste de comer, estava preso e foste ver-me, estava nu e me vestiste, estive com sede e me deste de beber [Mateus 25:35-36].

Frisando que nem sempre a sede será de água, a fome de pão, a nudez de roupas e a prisão de algemas...eis um desafio!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os 7 Montes da Sociedade.


Trata-se de uma visão de reestruturação da sociedade por meio de um projeto chamado os “7 Montes”. Esse projeto tem por objetivo contribuir para o crescimento do Reino de Deus nos distintos segmentos da sociedade. Entendendo que Deus, por meio de Jesus, comissionou a cada um de seus filhos para discípular as nações. E isso não se restringe à salvação recebida pela graça por meio do sacrifício de Cristo. A mensagem bíblica completa é uma visão de mundo, uma visão de vida, a fim de explicar toda a realidade. A resposta cristã surge quando se vive a verdade de Cristo em cada aspecto e segmento da vida. E é nesse pensamento que se insere a visão dos Sete Montes. Um ideal que surgiu e foi construído em 1975, quando Bill Bright, da Cruzada Estudantil, e Loren Cunnigham, da Juventude com uma Missão (JOCUM), se encontraram. Deus concedeu a cada um deles uma mensagem para compartilhar mutuamente, baseada no fato de que “a cultura está estabelecida sobre os sete montes da sociedade, os modeladores de mentalidade, ou formadores de opinião”, sendo eles:

1. Artes; Entretenimento;

2. Mídia; Comunicação;

3. Governo; Política;

4. Economia; Negócios;

5. Educação; Ciência;

6. Família;

7. Igreja; Religião;

O projeto nasceu nos Estados Unidos da América e foi no final dos anos 90 que esta visão tomou força, com distintos movimentos que tinham como propósito fundamental cumprir a missão de transformar a sociedade por meio da atuação dos filhos de Deus. Uma visão que busca que a Igreja possa ser sal e luz entre as nações. Que a Igreja se levante como um referencial dentro dessas áreas que são os sete pilares, entre os quais atuam os formadores de opinião, onde a sociedade se encontra alicerçada.Em Isaías 2.2-3 está escrito: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros, e concorrerão a ele todas as nações. E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”. Nos últimos dias o monte da casa do Senhor se levantará sobre os demais montes e entre eles fluirá a vida de Deus. Ide a cada uma dessas áreas e seja sal e luz. Você será equipado para ser um agente de transformação em sua área de atuação.

Como eu posso atuar neles?A atuação nos “7 Montes” é de maneira simplificada expressar a glória de Deus onde quer que você exerça qualquer tipo de função. Ou, se você é um economista, um pedagogo, um pintor, um cantor, um cientista, que Deus seja o centro de tudo aquilo que você desenvolver em sua área de atuação. Que o Senhor seja resplandecido, assim como os Seus ensinamentos em tudo aquilo que você faça.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Igrejas enfermas, pastores doentes.



Como pastor, li e reli a respeito do problema da igreja, que é sua enfermidade crônica. Sabemos que as pessoas que não têm mais compromisso com a igreja local, e sim uma relação de causa-e-efeito com a igreja, ou melhor, como disse Antônio G. Mendonça em Introdução ao Protestantismo no Brasil, uma mentalidade mercantilista, com igrejas se tornando agências de cura divina, tem se tornado, infelizmente, maioria em nossos arraiais.

Em certa igreja, onde um amigo meu pastoreava, ele solicitou a revisão do seu sustento junto aos presbíteros. A resposta dada foi: em qualquer empresa, quando o funcionário não dá resultados, é demitido…, e a reunião de seu conselho foi todo neste clima difícil.

Em uma outra igreja, a pressão da liderança sobre o pastor foi tanta que sua esposa praticamente surtou. Um presbítero perguntou ao pastor a razão de ela faltar aos trabalhos da igreja, e logo emendou: se vira, afinal, ela é esposa de pastor!

Mas será que nós, pastores, também não estamos enfermos?

Como estamos em nossas reuniões administrativas denominacionais? O que nos motiva a ir a tais reuniões? Os assuntos tratados são realmente relevantes à vida das igrejas locais? Como está nossa relação com o poder? Já vi certas movimentações de bastidores que me enojaram, pois era de se esperar isto no mundo (termo em desuso), mas não no meio de pessoas que proclamam a Palavra domingo após domingo.

Tratamos de punir aqueles que não apresentam relatório estatístico satisfatório, mas não nos importamos com o pecado da cobiça, da ganância e da vida sem ética de muitos colegas, que, para subir ao topo, passam por cima de outros. Nos exames de candidatos ao ministério, perguntamos se a pessoa conhece a constituição, os cinco pontos do calvinismo, se crê na predestinação, se conhece nuances teológicas, mas nem sempre nos importamos em saber se tal candidato tem um relacionamento saudável com Deus, com sua família, com sua igreja e consigo mesmo. No desfile de pavões que se tornaram muitas destas reuniões, discorre-se bastante sobre minúcias da teologia, mas não há palavra sobre a fonte da teologia, que, a rigor, é Deus, mas que tem se deslocado para simplesmente assunto da teologia, uma vez que as teologias ensinadas hoje em dia estão se tornando cada vez mais humanistas. Não há uma preocupação com a vida dos pastores e líderes que sofrem por nem sempre poderem expor seus corações sem medo de zombaria. Enfim, tristemente, nos tornamos autômatos em uma linha de produção empresarial.

Eugene Peterson, em Um pastor segundo o coração de Deus, diz que os pastores pecam, pois fogem de sua vocação primordial. Esquecem-se que são chamados para andarem junto ao povo, e, em vez disso, se tornam gerentes nesta estrutura empresarial em que nos tornamos. Somos mais pessoa jurídica do que Corpo vivo de Cristo.

Os pastores estamos enfermos. A igreja está enferma. A estrutura está carcomida. O que faremos? Creio que é hora de uma retomada, um retorno, ou, para usarmos um termo teológico, uma conversão, através do arrependimento e da fé. Arrependimento do nosso procedimento (pastores, líderes, igreja, sistema) e fé nAquele que um dia nos chamou e tem nos auxiliado, embora O esqueçamos. Acho que assim estaremos livres da enfermidade que nos assola.
Rev. Digão

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Deputados Federais eleitos no Pará


Partido
Candidato
Votos
01
PMDB
WLAD
236.498
02
PMDB
ELCIONE
209.525
03
PPS
ARNALDO JORDY
201.160
04
PMDB
PRIANTE
171.967
05
PT
BETO FARO
169.178
06
PSDB
ZENALDO COUTINHO
153.738
07
PSC
ZEQUINHA MARINHO
147.577
08
PR
LUCIO VALE
141.744
09
PSDB
NILSON PINTO
140.149
10
PT
MIRIQUINHO BATISTA
125.584
11
PT
PUTY
120.877
12
DEM
LIRA MAIA
119.543
13
PT
ZE GERALDO
119.500
14
PTB
JOSUE BENGTSON
112.157
15
PDT
GIOVANNI QUEIROZ
93.382
16
PMDB            
ASDRUBAL
87.681
17
PSDB
WANDENKOLK                        
68.541
 
Fonte :Deputado Parsifa

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Políticos, os melhores supervilões dos quadrinhos

Em meio a esse período de eleições, em que escolher o candidato certo é vital para a nação, achei curioso dar uma olhada num passado e recente e perceber que alguns dos maiores calos nos sapatos dos super heróis são justamente, de fato, os políticos. De muitas maneiras, os caras que comandam a prefeitura, o governo ou até o país resolveram em várias oportunidades se meter em como os heróis fazem o que fazem melhor, que é tipo, vocês sabem, salvar o dia, esmurrar vilões e afins.

Só para citar umas coisas bem ridículas que passam na cabeça dos caras, primeiro: Os caras sempre esperam que os heróis queiram algo do tipo tomar o poder. Segundo, sempre tem um para criar uma teoria idiota que os heróis atraem os vilões e não o contrário.

Um bom caso que vale a pena citar é o que aconteceu com o Flash (Wally West). Lá pelo final dos anos 90, numa fase assinada por Mark Waid e Paul Ryan, a prefeitura chegou a conclusão de que o velocista era culpado por nove entre dez males que assolavam Keystone City. Tanto foi que o prefeito, buscando um bode expiatório para se reeleger, pediu uma ordem de afastamento e até enviou um técnico em contabilidade para calcular os danos causados em cada atividade do herói. O único jeito foi West morar em Keystone City e trabalhar como Flash por um tempo na cidade litorânea de Santa Marta.




Outro que enfrenta a fúria dos engravatados nove entre dez vezes é o Superman. O maior herói da DC Comics, desde o começo de sua carreira, sempre foi visto com olhos tortos pela alta cúpula, especialmente pelo exército, que temia uma possível rebelião do Kryptoniano. O próprio arco "Nova Krypton", atualmente em publicação no Brasil, mostra um plano maquiavélico de ninguém menos que o sogro do herói, o General Sam Lane, para eliminar de uma vez por todas a “ameaça alienígena”, fazendo de tudo um pouco, desde soltar o monstro Apocalypse em cima do presidente e até inciriminar Superman como terrorista ao lado de seus conterrâneos aliens.

Isso sem falar que o maior inimigo do Homem de Aço já ocupou o cargo mais importante do país. Isso mesmo, Lex Luthor já foi eleito, acreditem ou não, presidente dos Estados Unidos e o mais incrível, jogando limpo. Claro, eles fez muitas coisas por baixo dos panos, se aliando até mesmo a tipos como o General Zod e Darkseid no período. Inclusive, armou o assassinato da namorada de Bruce Wayne, Vesper Fairchild e incriminou o alter ego de Batman, por este ter tirado os contratos militares das empresas Wayne com o exército.

Falando em Batman, o morcegão também teve seus problemas com os chefes de estado. Além de enfrentar os caras para capturar um serial killer na minissérie Batman: Conspiração, o Homem Morcego ainda teve de ver sua cidade, após ser devastada por um terremoto, separada dos Estados Unidos como uma terra sem lei na saga Terra de Ninguém, assinada por Greg Rucka.

Mas enfim, não dá para falar de DC Comics e não se lembrar de como essas questões políticas também fazem parte de Watchmen. Na emblemática saga de Allan Moore, se percebe é que, a todo o momento, o governo procura tomar as rédeas da situação. Basta olhar o surgimento do Dr. Manhattan, que logo faz sua primeira aparição e o povo da Casa Branca já dá um jeito de transformar a figura na imagem do poderio americano e, mais tarde, é o mesmo governo que vai tentar reprimir as atividades dos vigilantes.




A verdade é que no século 20, as histórias em quadrinhos procuraram mostrar bem mais este caráter de controle sobre os super humanos. Prova disso são as séries publicadas no selo Marvel Max, "Poder Supremo" e "Esquadrão Supremo", de J. Michael Straczinsky. O meta-humano Mark Milton, tem uma origem que lembra a do Superman, mas até certo ponto, pois tem um caráter menos escapista e mais tenebroso. Isso porque ele também veio do espaço e é encontrado por um casal de fazendeiros… que são mortos por oficias do governo, que acolhe o pequeno alienígena e o treina desde guri para ser obediente as leis do país, ao lado de outros meta humanos, que são inclusive enviados ao Iraque para derrubar regimes totalitários. Mas claro que nada permanece de um jeito e as coisas mudam.

Mas é no selo clássico da Marvel que as coisas esquentam por questões de interferência política. Basta observarmos as histórias dos X-Men, vendo como o governo lidou desde o começo com a questão mutante, confiando ao cientista Bolívar Trask a missão de criar aberrações como os Sentinelas, para caçar uma parcela da população que nasceu diferente. O mesmo governo também quase aprovou a famigerada Lei de Registro Mutante, sem falar nos eventos pós-Dia M, quando boa parte da população mutante perdeu os poderes e foi segregada em campos de confinamento.

Os últimos três anos foram marcados por histórias que criticam bastante a postura política diante da comunidade heróica. A mega saga "Guerra Civil", assinada por Mark Millar em 2006 , estremeceu as bases não apenas para os heróis, mas entre eles. Para quem não sabe do que se trata, vale uma rápida explicação: Quando os Novos Guerreiros acabam causando a morte de 600 pessoas (incluindo muitas crianças) em uma explosão numa cidade no interior  norte americano, o governo aprova a LRSH - Lei de Registro Super Humano, que obriga cada superherói ou vigilante do país a registrar sua verdadeira identidade junto ao governo, sendo que a alternativa é a prisão. A lei divide os heróis entre os defensores da lei como manutenção de suas atividades e os que vêem isso como uma repressão ditatorial.




O Capitão América, que nove entre dez vezes em que o governo erra fica contra a Casa Branca e é obrigado a virar clandestino, além de enfrentar o maior defensor da nova lei, o Homem de Ferro. O confronto entre os heróis é apenas uma das terríveis conseqüências. Além da morte do Capitão  e da tremenda rejeição da opinião pública aos heróis, o governo chega ao ponto de transformar vilões em uma equipe a serviço deles (a exemplo do Esquadrão Suicida na rival DC Comics ), os Thunderbolts  para caçar os heróis fora-da-lei.




E mais, no comando dos Thundebolts, eles colocaram Norman Osborn, o notório vilão Duende Verde, que logo após a saga "Invasão Secreta", é alçado com honras ao posto de Secretário da Segurança Nacional (!). Não por acaso, esse arco é denominado  "Reinado Sombrio" na editora.

Enfim, dava para citar ainda mil casos, mas esses foram os que eu achei mais dignos de nota.
(Texto originalmente publicado no blog 100Grana.com.br)