Miss. Rodrygo Gonçalves

Vejam, o Senhor, o seu Deus, põe diante de vocês esta terra. Entrem na terra e tomem posse dela, conforme o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes disse. Não tenham medo nem desanimem. Dt 1:21

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

John Wesley, uma vida longa em poucas palavras

Por Christian History & Biography

John Wesley nasceu em 1703 e sua infância foi fortemente influenciada por sua mãe, uma mulher rígida e piedosa. Seu pai era um homem difícil de se agradar. Sua mãe acreditava que os desejos das crianças deviam ser subjugados e que eles deveriam ser disciplinados quando não se comportassem. John era o décimo quarto filho. Ele teria morrido em um incêndio em Epworth Rectory se não tivesse sido arrancado das chamas por um vizinho. Na época tinha sete anos e depois disso sua mãe o lembrou várias vezes que ele era “um tição colhido do fogo”. Mais tarde ele teve a certeza de que tinha sido poupado por um propósito, servir a Deus.

Samuel, o pai de John, era um erudito, que por muitos anos trabalhou em uma obra monumental sobre o livro de Jó. Um pregador severo, para não dizer implacável, uma vez exigiu que uma adúltera andasse nas ruas em sua vergonha. Ele também forçou o casamento de uma de suas filhas depois que ela tentou fugir com um homem que não era o escolhido de seu pai. Com seu pai e sua mãe, John Wesley desenvolveu excelentes hábitos de estudo e também se acostumou com o sofrimento físico.
John Wesley foi para Charterhouse School em 1714, para Christ Church College, em 1720, e em 1726 foi eleito membro na Lincoln College em Oxford. Depois de ser pastor auxiliar em Wroote, Lincolnshire, de 1727 a 1729, ele voltou à Oxford não apenas para continuar seus estudos, mas também para começar a viver uma vida mais devota e santa. Muitos outros jovens brilhantes tinham um curriculum como o de Wesley, mas poucos tinham a sua dedicação. Ele dominava pelo menos sete idiomas e desenvolveu uma visão verdadeiramente abrangente em todas as áreas da investigação. Quando ele voltou de Wroote para Oxford, ele assumiu a liderança de um grupo chamado Holy Club (Clube Santo), iniciado por seu irmão Charles. Lá era onde eles reforçavam a fé através do estudo das Escrituras e buscavam a santidade na vida de cada membro.

O Clube Santo fazia muito mais do que refletir e orar. Eles iam às prisões levar a palavra de salvação aos prisioneiros. Embora eles fossem ridicularizados por seus companheiros de Oxford, de seu grupo de uma classe social mais baixa saíram homens que se tornaram importantes para aquele tempo, particularmente os irmãos Wesley, além de George Whitefield. O modo de vida de John Wesley exigia jejuns periódicos, encontros regulares para estudo e auto-avaliação pessoal. Somente muito tempo depois foi que ele percebeu que seu grupo seguia mais a letra do que o espírito do cristianismo.

Em 1735 grandes mudanças atingiram John e Charles Wesley. O seu pai morreu e ambos foram para a colônia da Georgia, nos Estados Unidos, com a bênção e encorajamento de sua mãe. Lá foi uma prova para John, que entendeu que realmente não gostava muito dos índios e sua rigidez não era muito apreciada pelas pessoas da Georgia. Mas importante que isto, foi o contato de John na sua viagem com um pequeno grupo de morávios. Estes homens e mulheres destemidamente cantavam hinos durante terríveis tempestades no mar, ao mesmo tempo em que o próprio Charles se desesperava. Isso o fez querer conhecer mais sobre a fé que eles demonstravam ter. Em 1737 ele retornou à Inglaterra.

Devemos apreciar a humildade de John Wesley, pois ele podia ser crítico o bastante consigo mesmo para parar suas atividades religiosas naquele momento e pensar que era um ministro experiente demais para examinar sua falta de fé. Peter Boehler, um morávio, deu-lhe a chave – pregar a fé até que ele a tivesse, e então ele pregava a fé. John Wesley lutou com sua falta de fé até 24 de maio, uma quarta-feira, em 1738, no famoso encontro de Aldersgate, foi quando ele teve uma conversão, uma profunda e inconfundível experiência de fé. Seu “coração foi estranhamente aquecido”. Então seu verdadeiro trabalho começou.

Como tinha uma mente brilhante e aberta, John Wesley ainda conseguia retirar os melhores recursos das melhores mentes do seu tempo. William Law, por exemplo, foi seu professor, amigo e mentor por vários anos; mas Wesley achou que um ingrediente importante estava faltando no programa de Law para uma vida devota. Os discípulos de Platão conseguiram comunicar a Wesley uma estrutura intelectual que era mais espiritual do que material, mas os hábitos mentais de Wesley estavam moldados mais pelo modelo de análise de Newton do que pelo platonismo. Os morávios eram o mais perto de uma síntese de todos os elementos que ele desejava e pôde encontrar. Ele até mesmo visitou Herrnhut para saber como sua comunidade trabalhava. Mas algo estava faltando lá, como em todo lugar, e em 1740, ele e seus seguidores romperam com os morávios, mas não antes que ele tivesse aprendido a pregar sermões ao ar livre, o que veio a ser mais tarde uma parte essencial de seu ministério.

John Wesley tinha 37 anos de idade quando começou a viajar e pregar. Ele freqüentemente exagerava o número daqueles que vinham ouvi-lo. Muitas vezes, as mesmas pessoas que precisaram de sua ajuda eram as mesmas que mais o perseguiam. Ele pregava em púlpitos até que eles fossem fechados para ele, e ele então pregava nos campos abertos. Ele pregava três vezes por dia, começando às 5 da manhã, uma vez que os trabalhadores poderiam parar para ouvi-lo enquanto andavam para o trabalho.

Algumas vezes ele andava 60 milhas (mais de 90 quilômetros) por dia a cavalo. As condições do tempo não importavam; ele fazia seu programa e o cumpria, não importavam as dificuldades. Ele fugia de uma multidão zangada pulando num lago gelado, nadava para fora dele e continuava a pregar novamente. E tinha uma certa habilidade de trazer as pessoas hostis para o seu lado.

Em 1741 foi para Gales do Sul, para o norte da Inglaterra em 1742, Irlanda em 1747, e Escócia em 1751. No total, foi à Irlanda quarenta e duas vezes e à Escócia vinte e duas vezes. Ele retornou à algumas cidades várias vezes. Houve ocasiões em que ele retornava anos depois de sua última visita e registrava que a pequena sociedade que ele ajudara ainda estava intacta e fiel. Ele examinava cada membro de cada sociedade pessoalmente para buscar crescimento espiritual e de fé. As sociedades então formadas proviam a organização local para seu movimento.

O que Wesley pregava? Santidade, honestidade, salvação, boas relações familiares, vários outros temas, mas acima de tudo a fé em Cristo. Ele não pedia aos seus ouvintes para deixarem suas igrejas, mas para continuarem indo nelas. Ele lhes deu o refrigério espiritual que eles não achavam. Quando suas décadas de provação produziram décadas de triunfo, as multidões aumentaram. Ricos e pobres vinham para ouvi-lo falar. Ele desenvolveu redes de assistentes leigos. Suas exortações para viver perfeitamente em amor hoje parecem duras, mas considere os efeitos em suas congregações. Os xingamentos nas fábricas pararam, os homens e as mulheres começaram a se preocupar com vestimentas limpas e simples, extravagâncias como chá caro e vícios como o gim foram deixados por seus seguidores, vizinhos deram um ao outro ajuda mútua através das sociedades.

Wesley ensinou tanto pelo exemplo como pelos seus sermões. Ele publicou muitos de seus textos para serem usados em devocionais e direcionou o lucro para projetos, como um local de ajuda para os pobres. Sua vida pessoal estava além de reprovação. Ele traduziu hinos, interpretou as Escrituras, escreveu centenas de cartas, discipulou centenas de homens e mulheres e manteve em seus diários um registro da energia investida, que dificilmente tem um rival na história ocidental. Sua maneira de falar na linguagem do homem comum teve um impacto imensurável no surgimento do inglês moderno, assim como os hinos de Charles Wesley tiveram um grande impacto na música com suas muitas canções sem mencionar a poesia da subseqüente era Romântica.

Mas o impacto dos Wesleys nas classes mais baixas foi além de afetar seus hábitos de vida e modo de falar. John Wesley proveu uma estrutura religiosa que era local e pessoal, bem como fortemente moral. Sua teologia não tirava a liberdade e o direito de ninguém, pois qualquer um podia achar a graça de Deus para resistir ao diabo e ser salvo, se tão somente buscasse e recebesse. As sociedades que ele formou preservaram em seus estudos o foco na fé – uma fé que também levou a uma maneira de lidar com a realidade da vida das classes mais pobres. A religião não era só para os ricos, mas Wesley também não estava pregando uma revolta contra o anglicanismo.

O anglicanismo de John Wesley era muito forte, embora os púlpitos anglicanos tornassem-se totalmente fechados para ele. Só quando tinha oitenta e um anos ele permitiu uma pequena divisão entre seus seguidores e a igreja nacional. Tendo já enviado muitos homens à América, em 1784 ele ordenou mais pessoas para este esforço missionário e, porque “ordenação é separação”, efetivamente começou uma nova igreja. O conservadorismo dele era tanto político como religioso. Ele publicou uma carta aberta às colônias americanas, aconselhando-as a permanecerem leais à Grã-Bretanha, logo antes da Revolução Americana. Ele não tolerava nenhuma conversa sobre agitação civil na Inglaterra.

Muito se tem discutido acerca de que outras forças estavam trabalhando na Inglaterra além de Wesley e uns outros poucos pregadores. Por exemplo, a Revolução Industrial que estava vindo progrediu mais rápido na Inglaterra do que em qualquer outro lugar, dando aos homens novos tipos de trabalho; a justiça do Sistema de Paz e o sistema de governo com um Primeiro-Ministro eram únicos na sua forma e deram muito mais poder do que era possível em qualquer outro lugar à classe média local e os grandes problemas que poderiam de outra forma causar revolução, simplesmente não estavam presentes na Inglaterra depois de 1750. Ainda assim sem Wesley e seus seguidores como poderia o ateísmo, tal como existia entre os camponeses franceses, ser evitado e como poderia uma classe inferior oprimida e dominada pelos vícios, ter esperança?

John Wesley morreu em 2 de março de 1791, cerca de três anos depois que seu irmão Charles morreu. Até seus últimos anos, ele colocou a mesma frase de abertura em seu diário, como fazia a cada ano no seu aniversário, agradecendo a Deus por sua longa vida e sua contínua boa saúde, afirmando que sermões pregados de manhã logo cedo e muita atividade ao ar livre o mantiveram em forma para a obra de Deus. Desde o momento em que ele tornou-se livre de influências, exceto a de Deus, ele teve cinqüenta anos de serviço constante e fez um bem imensurável à Inglaterra através da perseverança, resistência e fé. Seu legado não se limitou ao seu século ou país, mas sobrevive até hoje na fé de milhões em várias igrejas ao redor do mundo.

A seguinte frase foi escrita em seu diário em 28 de junho de 1774:

Sendo hoje meu aniversário, o primeiro dia do septuagésimo segundo ano, eu estava pensando como posso ter a mesma força que tinha trinta anos atrás? Que a minha visão esteja consideravelmente melhor agora e meus nervos mais firmes do que eram antes? Que eu não tenha nenhuma enfermidade da velhice, e não tenha mais aquelas que tive na juventude? A grande causa é, o bom prazer de Deus, que faz o que lhe agrada. Os meios principais são: meu constante levantar às quatro da madrugada, por cerca de cinqüenta anos; o fato de geralmente pregar às cinco da manhã, um dos exercícios mais saudáveis do mundo; o fato de que nunca viajo menos, por mar ou terra, do que 4500 milhas (mais de 6.750 km) por ano.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

HÁ ABUSOS EM NOME DE DEUS

Esta é uma entrevista dada por Marília de Camargo César dada a Revista ÉPOCA acerca de Abusos Religiosos. Ela escreveu um livro chamado FERIDOS EM NOME DE DEUS, pela EDITORA MUNDO CRISTÃO.


Sinceramente, li o livro e ela mostra todos os esquemas de manipulação em vigor nas igrejas evangélicas. Indico o livro como forma de ajuda para pessoas que passaram pelo processo de abuso religioso. Leiam e tirem suas próprias conclusões.
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HÁ ABUSOS EM NOME DE DEUS
por Marília Camargo César

Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos.
A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estreia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação.

ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?
Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que frequentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heroico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.

ÉPOCA – O que você considera abuso religioso?
Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele diz: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa”. Então, essa mulher pede um conselho e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, que tem melhor reputação.

ÉPOCA – Seu livro questiona a autoridade pastoral. Por quê?
Marília – As igrejas que estão surgindo, as neopentecostais (não as históricas, como a presbiteriana, a batista, a metodista), que pregam a teologia da prosperidade, estão retomando a figura do “ungido de Deus”. É a figura do profeta, do sacerdote, que existia no Antigo Testamento. No Novo Testamento, Jesus Cristo é o único mediador. Mas o pastor dessas igrejas mais novas está se tornando o mediador. Para todos os detalhes de sua vida, você precisa dele. Se você recebe uma oferta de emprego, o pastor pode dizer se deve ou não aceitá-la. Se estiver paquerando alguém, vai dizer se deve ou não namorar com aquela pessoa. O pastor, em vez de ensinar a desenvolver a espiritualidade, determina se aquele homem ou aquela mulher é a pessoa de sua vida. E ele está gostando de mandar na vida dos outros, uma atitude que abre um terreno amplo para o abuso.


ÉPOCA – Você afirma que não é só culpa do pastor.
Marília – Assim como existe a onipotência pastoral, existe a infantilidade emocional do rebanho. A grande crítica de Freud em relação à religião era essa. Ele dizia que a religião infantiliza as pessoas, porque você está sempre transferindo suas decisões de adulto, que são difíceis, para a figura do pai ou da mãe, substituí¬dos pelo pastor e pela pastora. O pastor virou um oráculo. Assim é mais fácil ter alguém, um bode expiatório, para culpar pelas decisões erradas.

ÉPOCA – Quais são os grandes males espirituais que você testemunhou?
Marília  – Eu vi casamentos se desfazer, porque se mantinham em bases ilusórias. Vi também pessoas dizendo que fazer terapia é coisa do diabo. Há pastores que afirmam que a terapia fortalece a alma e a alma tem de ser fraca; o espírito é que tem de ser forte. E dizem isso apoiados em textos bíblicos. Afirmam que as emoções têm de ser abafadas e apenas o espírito ser fortalecido. E o que acontece com uma teologia dessas? Psicoses potenciais na vida das pessoas que ficam abafando as emoções. As pessoas que aprenderam essa teologia e não tiveram senso crítico para combatê-la ficaram muito mal. Conheci um rapaz com muitos problemas de depressão e de autoestima que encontrou na igreja um ambiente acolhedor. Ele dizia ter ressuscitado emocionalmente. Só que, com o passar dos anos, o pastor se apoderou dele.

ÉPOCA – Qual foi a história que mais a impressionou?
Marília – Uma das histórias que mais me tocaram foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Em uma igreja, ela ouviu que estava curada e que, caso se sentisse doente, era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença autoimune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo, mas ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.

ÉPOCA – Por que demora tanto tempo para a pessoa perceber que está sendo vítima?
Marília – Os abusos não acontecem da noite para o dia. No primeiro momento, o fiel idealiza a figura do líder como alguém maduro, bem preparado. É aquilo que fazemos quando estamos apaixonados: não vemos os defeitos. O pastor vai ganhando a confiança dele num crescendo. Esse líder, que acredita que Deus o usa para mandar recados para sua congregação, passa a ser uma referência na vida da pessoa. O fiel, por sua vez, sente uma grande gratidão por aquele que o ajudou a mudar sua vida para melhor. Ele quer abençoar o líder porque largou as drogas, ou parou de beber, ou parou de bater na mulher ou porque arrumou um emprego. E começa a dar presentes de acordo com suas posses. Se for um grande empresário, ele dá um carro importado para o pastor. Isso eu vi acontecer várias vezes. O pastor gosta de receber esses presentes. É quando a relação se contamina, se torna promíscua. E o pastor usa a Bíblia para legitimar essas práticas.

ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica...
Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. O pastor evangélico virou um papa, a figura mais criticada pelos protestantes, porque não erra. Não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. Mas é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio a doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma, e eu concordo com ela.

ÉPOCA – Se a igreja for questionada em seus dogmas, ela não deixará de ser igreja?
Marília – Eu não acho. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.

ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso.
Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Uma boa dica é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como querer ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que se discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado.


REPORTAGEM de Kátia Mello, Revista ÉPOCA, 29 junho 2009 /N.580, pg. 69-70.
*Marília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas. Editora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero .Seu livro de estreia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão) .

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

CD Ritmos de Thatiana Rodrigues na Revista Brasil Gospel


RITMOS, A RECONCILIAÇÃO DOS SONS

Um novo modo de pensar a música popular paraense cristã. Esse é o objetivo do Ministério Reconciliação que dentro de uma palavra de Deus quer trazer de volta a cultura paraense para o publico que a perdeu.

Liderado por Thatiana Rodrigues, o Ministério Reconciliação traz em seu primeiro disco uma diversidade de Ritmos trazendo a Reconciliação dos sons a Deus:

“e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus” (Colossenses 1.20)

Dentro desta proposta trazemos o disco Ritmos com diversos sons como Calipso, Bolero, Tecnomelody, Zuck, Carimbó, Xote e Forró. Interpretados por Thatiana Rodrigues e participação especial de Jeremias Souza.

Contatos: (91) 8846-4711 91 • (91) 8131-5453

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

John Piper: Aos Pregadores da Prosperidade


Por John Piper
Uma mudança fundamental aconteceu com a vinda de Cristo ao mundo. Até aquele tempo, Deus focou sua obra redentora em Israel com obras eventuais entre as nações. Paulo disse: “Nas gerações passadas, [Deus] permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos” (Atos 14:16). Ele os chamou de “tempos da ignorância.”
“Não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (Atos 17:30).
Agora o foco passou de Israel para as nações. Jesus disse: “O reino de Deus vos será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos [seguidores do Messias]” (Mateus 21:43). Um endurecimento veio sobre Israel até que o número total das nações entrasse (Romanos 11:25).
Uma das principais diferenças entre essas duas épocas é que, no Antigo Testamento, Deus glorificou amplamente a si mesmo ao abençoar Israel, de modo que as nações pudessem ver e saber que o Senhor é Deus.
“Faça ele [o Senhor] justiça ao seu [...] povo de Israel, segundo cada dia o exigir, para que todos os povos da terra saibam que o SENHOR é Deus e que não há outro” (1Reis 8:59-60).
Réplica do Templo de Salomao, idealizada pelo bispo Macedo, da Igreja Universal, estimado em 350 milhoes de dólares
Israel não foi enviada como uma “Grande Comissão” para ajuntar as nações; pelo contrário, ela foi glorificada para que as nações vissem sua grandeza e viessem a ela. Então, quando Salomão construiu o templo do Senhor, foi espetacularmente abundante em revestimentos de ouro.
O Santo dos Santos tinha vinte côvados de comprimento, vinte côvados de largura e vinte côvados de altura. E foi coberto com ouro puro. Ele também cobriu de ouro um altar de cedro. E Salomão revestiu o interior da casa com ouro puro, e fez passar correntes de ouro frente ao Santo dos Santos, o qual também cobriu de ouro. E cobriu de ouro toda a casa, inteiramente. Também cobriu de ouro todo o altar que estava diante do Santo dos Santos. (1Reis 6:20-22)
E quando ele mobiliou o templo, o ouro mais uma vez se tornou igualmente abundante.
Então Salomão fez todos os utensílios que estavam na casa do Senhor: o altar de ouro, a mesa de ouro para os pães da proposição, os castiçais de ouro finíssimo, cinco à direita e cinco no lado sul e cinco no norte diante do Santo dos Santos; as flores, as lâmpadas e as linguetas, também de ouro; as taças, espevitadeiras, bacias, recipientes para incenso e braseiros, de ouro finíssimo; as dobradiças para as portas da casa interior e do Santo dos Santos, também de ouro. (1Reis 7:48-50)
Salomão levou sete anos para construir a casa do Senhor. E então levou treze anos para construir sua própria casa (1Reis 6:38 e 7:1). Ela também era abundante em ouro e pedras de valor (1Reis 7:10).
Então, quando tudo estava construído, o nível de sua opulência é visto em 1Reis 10, quando a rainha de Sabá, representando as nações gentias, vai ver a glória da casa de Deus e de Salomão. Quando ela viu, “ficou como fora de si” (1Reis 10:5). Ela disse: “Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei” (1Reis 10:9).
"O padrão no Antigo Testamento é uma religião 'venha-ver' (...) O Novo Testamento apresenta uma religião 'vá-anunciar'" (John Piper)
Em outras palavras, o padrão no Antigo Testamento é uma religião venha-ver. Há um centro geográfico do povo de Deus. Há um templo físico, um rei terreno, um regime político, uma identidade étnica, um exército para lutar as batalhas terrenas de Deus, e uma equipe de sacerdotes para fazer sacrifícios animais pelos pecados.
Com a vinda de Cristo tudo isso mudou. Não há centro geográfico para o Cristianismo (João 4:20-24); Jesus substituiu o templo, os sacerdotes e os sacrifícios (João 2:19; Hebreus 9:25-26); não há regime político Cristão porque o reino de Cristo não é deste mundo (João 18:36); e nós não lutamos batalhas terrenas com carruagens e cavalos ou bombas e balas, mas sim batalhas espirituais com a palavra e o Espírito (Efésios 6:12-18; 2Coríntios 10:3-5).
Tudo isso sustenta a grande mudança na missão. O Novo Testamento não apresenta uma religião venha-ver, mas uma religião vá-anunciar. “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:18-20).
As implicações disso são enormes para a forma que vivemos e a forma que pensamos a respeito de dinheiro e estilo de vida. Uma das implicações principais é que nós somos “peregrinos e forasteiros” (1Pedro 2:11) na terra. Nós não usamos este mundo como se ele fosse nosso lar de origem. “A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).
Isso leva a um estilo de vida em pé de guerra. Isso significa que nós não acumulamos riquezas para mostrar ao mundo o quão rico nosso Deus pode nos fazer. Nós trabalhamos duro e buscamos uma austeridade em pé de guerra pela causa de espalhar o evangelho até os confins da terra. Nós maximizamos o esforço de guerra, não os confortos de casa. Nós criamos nossos filhos com a visão de ajudá-los a abraçar o sofrimento que irá custar para finalizar a missão.
Vergonha: Evangélicos brasileiros gastam mais com Coca-cola do que com missões
Então, se um pregador da prosperidade me questiona sobre as promessas de riqueza para pessoas fiéis no Antigo Testamento, minha resposta é: Leia seu Novo Testamento com cuidado e veja se você encontra a mesma ênfase. Você não irá encontrar. E a razão é que as coisas mudaram dramaticamente.
“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Timóteo 6:7-8). Por quê? Porque o chamado a Cristo é um chamado para participar de seus sofrimentos “como um bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:3). A ênfase do Novo Testamento não são as riquezas que nos atraem para o pecado, mas o sacrifício que nos resgata dele.
Uma confirmação providencial de que Deus planejou esta distinção entre uma orientação venha-ver no Antigo Testamento e uma orientação vá-anunciar no Novo Testamento, é a diferença entre o idioma do Antigo Testamento e o idioma do Novo. Hebraico, o idioma do Antigo Testamento, não era compartilhado por nenhum outro povo no mundo antigo. Era unicamente de Israel. Isto é um contraste surpreendente com o Grego, o idioma do Novo Testamento, que era o idioma de comércio do mundo romano. Então, os próprios idiomas do Antigo e do Novo Testamentos sinalizam a diferença de missões. O hebraico não era apropriado para missões no mundo antigo. O grego era perfeitamente apropriado para missões no mundo romano.
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Este post é parte de uma série de dez artigos do John Piper publicados no blog Voltemos ao Evangelho. Para ver a série completa, clique aqui