
Por viver na igreja desde que se entende por gente, ingenuamente supunha saber exatamente o que era um pastor. Não demorou muito para que descobrisse que 'pastorear' é dos verbos mais difíceis de se conjugar.
O púlpito sempre foi sua paixão. Se Deus deixasse, faria do domingo o seu dia e do púlpito o seu local de trabalho. Bom que Deus não deixou! Porque assim como o domingo só faz sentido à luz dos outros seis dias, o púlpito só existe para facilitar a vida fora dele.
Foi quando descobriu que seu principal local de trabalho não está em nenhuma plataforma, mas no solo sagrado do coração daqueles com quem constrói uma caminhada. Foi quando percebeu que pastorear é mais do que pregar. É deixar a ferida do outro dilacerar sua própria alma, para que ambas sejam cicatrizadas juntas na caminhada. E a alegria do outro invadir seu coração, e ser celebrada como se sua fosse.
O púlpito ainda é uma paixão, mas descobriu outra maior do que ele. O templo ainda é o seu lugar de trabalho, mas descobriu um lugar mais sagrado do que ele. O culto ainda é o seu momento, mas descobriu um momento mais importante do que ele.
Descobriu a gente; descobriu o coração; descobriu a vida.
Ele é um pastor.