Miss. Rodrygo Gonçalves

Vejam, o Senhor, o seu Deus, põe diante de vocês esta terra. Entrem na terra e tomem posse dela, conforme o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes disse. Não tenham medo nem desanimem. Dt 1:21

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Políticos, os melhores supervilões dos quadrinhos

Em meio a esse período de eleições, em que escolher o candidato certo é vital para a nação, achei curioso dar uma olhada num passado e recente e perceber que alguns dos maiores calos nos sapatos dos super heróis são justamente, de fato, os políticos. De muitas maneiras, os caras que comandam a prefeitura, o governo ou até o país resolveram em várias oportunidades se meter em como os heróis fazem o que fazem melhor, que é tipo, vocês sabem, salvar o dia, esmurrar vilões e afins.

Só para citar umas coisas bem ridículas que passam na cabeça dos caras, primeiro: Os caras sempre esperam que os heróis queiram algo do tipo tomar o poder. Segundo, sempre tem um para criar uma teoria idiota que os heróis atraem os vilões e não o contrário.

Um bom caso que vale a pena citar é o que aconteceu com o Flash (Wally West). Lá pelo final dos anos 90, numa fase assinada por Mark Waid e Paul Ryan, a prefeitura chegou a conclusão de que o velocista era culpado por nove entre dez males que assolavam Keystone City. Tanto foi que o prefeito, buscando um bode expiatório para se reeleger, pediu uma ordem de afastamento e até enviou um técnico em contabilidade para calcular os danos causados em cada atividade do herói. O único jeito foi West morar em Keystone City e trabalhar como Flash por um tempo na cidade litorânea de Santa Marta.




Outro que enfrenta a fúria dos engravatados nove entre dez vezes é o Superman. O maior herói da DC Comics, desde o começo de sua carreira, sempre foi visto com olhos tortos pela alta cúpula, especialmente pelo exército, que temia uma possível rebelião do Kryptoniano. O próprio arco "Nova Krypton", atualmente em publicação no Brasil, mostra um plano maquiavélico de ninguém menos que o sogro do herói, o General Sam Lane, para eliminar de uma vez por todas a “ameaça alienígena”, fazendo de tudo um pouco, desde soltar o monstro Apocalypse em cima do presidente e até inciriminar Superman como terrorista ao lado de seus conterrâneos aliens.

Isso sem falar que o maior inimigo do Homem de Aço já ocupou o cargo mais importante do país. Isso mesmo, Lex Luthor já foi eleito, acreditem ou não, presidente dos Estados Unidos e o mais incrível, jogando limpo. Claro, eles fez muitas coisas por baixo dos panos, se aliando até mesmo a tipos como o General Zod e Darkseid no período. Inclusive, armou o assassinato da namorada de Bruce Wayne, Vesper Fairchild e incriminou o alter ego de Batman, por este ter tirado os contratos militares das empresas Wayne com o exército.

Falando em Batman, o morcegão também teve seus problemas com os chefes de estado. Além de enfrentar os caras para capturar um serial killer na minissérie Batman: Conspiração, o Homem Morcego ainda teve de ver sua cidade, após ser devastada por um terremoto, separada dos Estados Unidos como uma terra sem lei na saga Terra de Ninguém, assinada por Greg Rucka.

Mas enfim, não dá para falar de DC Comics e não se lembrar de como essas questões políticas também fazem parte de Watchmen. Na emblemática saga de Allan Moore, se percebe é que, a todo o momento, o governo procura tomar as rédeas da situação. Basta olhar o surgimento do Dr. Manhattan, que logo faz sua primeira aparição e o povo da Casa Branca já dá um jeito de transformar a figura na imagem do poderio americano e, mais tarde, é o mesmo governo que vai tentar reprimir as atividades dos vigilantes.




A verdade é que no século 20, as histórias em quadrinhos procuraram mostrar bem mais este caráter de controle sobre os super humanos. Prova disso são as séries publicadas no selo Marvel Max, "Poder Supremo" e "Esquadrão Supremo", de J. Michael Straczinsky. O meta-humano Mark Milton, tem uma origem que lembra a do Superman, mas até certo ponto, pois tem um caráter menos escapista e mais tenebroso. Isso porque ele também veio do espaço e é encontrado por um casal de fazendeiros… que são mortos por oficias do governo, que acolhe o pequeno alienígena e o treina desde guri para ser obediente as leis do país, ao lado de outros meta humanos, que são inclusive enviados ao Iraque para derrubar regimes totalitários. Mas claro que nada permanece de um jeito e as coisas mudam.

Mas é no selo clássico da Marvel que as coisas esquentam por questões de interferência política. Basta observarmos as histórias dos X-Men, vendo como o governo lidou desde o começo com a questão mutante, confiando ao cientista Bolívar Trask a missão de criar aberrações como os Sentinelas, para caçar uma parcela da população que nasceu diferente. O mesmo governo também quase aprovou a famigerada Lei de Registro Mutante, sem falar nos eventos pós-Dia M, quando boa parte da população mutante perdeu os poderes e foi segregada em campos de confinamento.

Os últimos três anos foram marcados por histórias que criticam bastante a postura política diante da comunidade heróica. A mega saga "Guerra Civil", assinada por Mark Millar em 2006 , estremeceu as bases não apenas para os heróis, mas entre eles. Para quem não sabe do que se trata, vale uma rápida explicação: Quando os Novos Guerreiros acabam causando a morte de 600 pessoas (incluindo muitas crianças) em uma explosão numa cidade no interior  norte americano, o governo aprova a LRSH - Lei de Registro Super Humano, que obriga cada superherói ou vigilante do país a registrar sua verdadeira identidade junto ao governo, sendo que a alternativa é a prisão. A lei divide os heróis entre os defensores da lei como manutenção de suas atividades e os que vêem isso como uma repressão ditatorial.




O Capitão América, que nove entre dez vezes em que o governo erra fica contra a Casa Branca e é obrigado a virar clandestino, além de enfrentar o maior defensor da nova lei, o Homem de Ferro. O confronto entre os heróis é apenas uma das terríveis conseqüências. Além da morte do Capitão  e da tremenda rejeição da opinião pública aos heróis, o governo chega ao ponto de transformar vilões em uma equipe a serviço deles (a exemplo do Esquadrão Suicida na rival DC Comics ), os Thunderbolts  para caçar os heróis fora-da-lei.




E mais, no comando dos Thundebolts, eles colocaram Norman Osborn, o notório vilão Duende Verde, que logo após a saga "Invasão Secreta", é alçado com honras ao posto de Secretário da Segurança Nacional (!). Não por acaso, esse arco é denominado  "Reinado Sombrio" na editora.

Enfim, dava para citar ainda mil casos, mas esses foram os que eu achei mais dignos de nota.
(Texto originalmente publicado no blog 100Grana.com.br)

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